“Em um estábulo certa vez, tinha algo dentro dele que era maior que todo o Universo”
Vamos todos à Belém, lá encontraremos um estábulo com um menino envolto em faixas. Ao contemplarmos Jesus na manjedoura, longa e amorosamente, experimentaremos que algo nos move a mudar dentro de nós: uma mudança de sonhos e esperanças, uma mudança no modo de nos situar no mundo e de nos relacionar.
Ali na gruta, está enraizada a convicção de que Belém pode mudar nossa vida. No seu interior ressoam as palavras mais humanizadoras e mais vivas: justiça, bondade liberdade igualdade, paz, compaixão, alegria, acolhida.
Estamos diante do mistério de amor: Deus se fez uma de nós, compartilha nossa pobreza e vulnerabilidade. Ali só tem lugar as atitudes de agradecimento, humildade, reverência e serviço.
Vamos todos à Belém, pois nestes tempos de travessia, a linguagem da gruta é intensa, é urgente, é um reflexo de presenças e encontros. Vamos todos à Belém, vamos acordar o sol com orquestras, bandas e blocos, pintores e escultores, artistas de circo e teatro, bordadeiras, poetas e repentistas, corais e solistas – ao ar livre, em vielas e descampados, todos em sincronia, nas cidades e nos campos, em toda parte sem ninguém ir à Belém. Vamos todos nós de mão dadas.
Sim, vamos todos à Belém, saciar todas as fomes, celebrar mesmo com mesas improvisadas, com toalhas lindas bordadas, para as quais deve trazer pão e comida, e partilhá-la com muito amor, para todas as fomes.
Pois em Belém, quem experimenta o encontro com o Deus vivo e amoroso, começa a “ver” a humanidade como Deus mesmo a vê. Uma intensa Luz brilha no interior da gruta e nos convida a olhar contemplativamente todo o universo e descobrir o significado do mundo.
Por ter-se encontrado com o Deus-Amor, a pessoa torna-se mais “encarnada” na realidade e mais comprometida com os outros, sobretudo com os mais pobres, os mais sofridos e excluídos. É aquela que mais se compromete com a justiça e a solidariedade.
Em Belém somos pacificados de nossas ansiedades e pressas de fazer mais. Se permanecemos em silêncio ali, diante da manjedoura, brotará em nós um desejo profundo de sermos mais humanas, refletido no rosto aberto daquele Menino e ao mesmo tempo, brotará um desejo de venerar cada ser humano e contemplá-lo. Na história da humanidade, torna-se possível acolher o dom do amor de Deus visível na criança de Belém
Vamos todos à Belém, lá a gruta nos aponta para o pequeno, o último! Pois é o Senhor que nos conduziu até eles e elas (cfTest 2) nos faz dirigir o olhar para a periferia, terra privilegiada onde nasce o “novo” e o coração de Deus armou sua tenda.
Abençoada festa da encarnação!
2023 com alegria e esperança.
Na sororidade e ternura, o abraço da Coordenação Geral.