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29 Setembro 2023
Derramai vossa chuva de rosas

 

Não me arrependo de haver-me entregue ao amor

Como entender hoje, uma personalidade como a de Teresa de Lisieux, uma menina que, aos 15 anos, faz malabarismos para mostrar mais idade a fim de poder concretizar seu desejo de “desaparecer” detrás dos muros do Carmelo?  É preciso voltar no tempo e compreender que o ambiente familiar e social era outro. Não havia a profusão de ofertas, o leque infinito de opções que o mundo oferece hoje, em termos de formação, profissão, diversão, educação, facilidades, maneira de viver. Mesmo assim, não foi fácil para Teresa realizar sua aspiração.

A vida no Carmelo é dura e exige decisão madura que, até hoje, se crê difícil ter na adolescência. Teresa lutou e conseguiu porque se entregou “como brinquedo” na mão do Senhor. Aos olhos dos nossos dias, pareceria bobagem, infantilidade inútil, mas nosso trabalho é atualizar isso porque não nos falta oportunidade para fazê-lo. Às vezes, a missão que nos é confiada não corresponde ao nosso ideal missionário; às vezes, sentimos que poderíamos responder a situações mais exigentes, ou diferentes pela formação que temos, pelas nossas condições, mas nos toca o cuidado de uma casa, de pessoas enfermas ou fragilizadas; nos toca algo que nos tenta a pensar: “mas eu estudei tanto, tenho tantas capacidades e gasto minhas forças aqui”. Exatamente aí, onde estamos, é onde nos colocou o Senhor, aí é nossa missão onde somos chamadas a viver nossa vocação: o amor.

Os grandes sonhos que animavam Teresinha parecem antagônicos. Entregar-se ao serviço de Deus, encerrada no Carmelo e ser missionária, “ir pelo mundo” levando o Evangelho pelos cinco continentes, fazendo com que o mundo se curve reverente diante do imenso amor do Criador. Conseguiu realizar os dois, sem nunca sair do Carmelo, uma vez tendo entrado aí e tendo consagrado sua vida como Carmelita. O sonho missionário realizou-o através da oração pelos missionários/missionárias, pela oferta de sua vida toda em favor dos missionários e missionárias.

A espiritualidade que a nutria era a da entrega confiante, como a da criança aos cuidados da mãe, do pai. Sua vida foi oferenda e então, em seu leito de morte, pôde afirmar: “Não me arrependo de haver-me entregue ao Amor”. Isto não é romantismo, mas modo de vida cultivado a cada momento. Para ela, o amor foi a marca de todo seu proceder, de seu relacionamento com Deus e com as Irmãs. Sabemos, por experiência, que o amor vivido no dia a dia da vida comunitária não é fácil, é sim, muito exigente e não é possível só por nossa força e esforço.

Teresinha não fez nenhum teste vocacional para descobrir sua vocação. Desde a mais tenra infância nutria um grande fervor e imenso amor pela Eucaristia, sinal e fonte de amor que desejava receber mais cedo que o permitido na época. Um amor que ela bebeu com o leite materno e foi cultivado pela família e por ela mesma ao longo de sua curta vida. Assim ela a define: “No coração da Igreja eu serei o amor”.

É um ideal que está ao alcance de cada pessoa que se abre ao desejo de Deus. É um ideal que está ao alcance de qualquer pessoa, que se dispõe a caminhar na contramão da sociedade, pela mesma via que percorreu Teresa de Lisieux. O caminho da pequenez, a via da simplicidade. Será uma luta insana, uma vez que nossa sociedade aplaude o que faz muito ruído, o que aparece, o que é grande. Por isso, não é tarefa tão fácil ser presença do amor, silencioso por natureza, pela via da pequenez, em nosso mundo marcado pelas grandes descobertas, pelas grandes conquistas.

“Através da Palavra de Deus rezada e meditada, Teresa de Lisieux descobriu o amor de Deus como fonte de comunhão e de solidariedade com todos, santos e pecadores, crentes ou não crentes. O Evangelho foi para ela o alimento sólido que nunca abandonou, mesmo quando a sua fé foi atormentada por uma terrível escuridão”. Esta Palavra que, segundo a mesma Escritura, não é superior à nossa força, não está no céu, não está do outro lado do mar, mas está em nossa boca e em nossa memória (cf. Dt 30,11-14).

Que Teresinha, a santa das rosas, a santa da pequena via, a que é padroeira também das missões sem nunca ter saído do Carmelo, nos ensine os caminhos da simplicidade, da pequenez, do profundo amor missionário, nos fortaleça em nossa missão, nos alcance de Deus a luz necessária para discernir nossos caminhos missionários e nos ajude a ser fiéis à missão que o Senhor reservou para nós, pessoalmente e como Congregação.

Nossa comunhão com as irmãs da Província Santa Teresa do Menino Jesus, neste dia 1º de outubro, quando celebramos a festa da sua padroeira.  Que e o amor e a entrega sem reservas desta tão jovem menina nos motive e inspire no processo de reorganização para não perdermos de vista nosso elã missionário.

Informações adicionais

  • Fonte da Notícia: Irmã Marlene Chiudini, pela coordenação geral.

Comentários  

#1 Maria Fachini 01-10-2023 01:44
Teresinha, sempre apresentada como mudelo de humildade é também exemplo de resistência e persistente em seus objetivos. Que ela nos alcance de junto de Deus a graça da fidelidade a nossos princípios a nosso ideal primeiro.
Parabéns às irmãs da Provincia STMJ na festa de sua padroeira. Grande abraço

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