DISPONIBILIDADE CRIATIVA A SERVIÇO DA VIDA II
RESSONÂNCIAS
É com alegria e admiração que vemos a história das Irmãs Catequista Franciscanas. É um caminho trilhado incialmente por Amábile, Liduína e Maria, que deu muitos frutos e influenciou a vida e a formação cristã de milhares de pessoas no Brasil e outras partes do mundo. A Dança do Carisma Francisclariano, é um convite permanente para que não fiquemos sentados na cadeira “vendo a banda passar, cantando coisas de amor...”
“Vós sois o sal da terra... Vós sois a luz do mundo” (Mt 5, 13-14). É bem isto o que as Irmãs Catequistas que conhecemos fazem na sua missão: ser luz do mundo e sal da terra. O chamamento de Francisco e Clara para reconstruir a Igreja de Jesus Cristo, até hoje ecoa no coração de todos e todas que vivem o Carisma Francisclariano.
“Saiu um semeador a semear a sua semente” (Lc 8,5) - O mundo em constante mudança, numa velocidade impressionante, nos impõe novos desafios. O que ontem era a última moda (fashion), hoje é brega, careta, ultrapassado (démodé). A sociedade de consumo nos impõe comportamentos, tendências, ritmos, valores e a superficialidade nas relações humanas. É nesse contexto de materialismo que encontramos o campo em que vamos semear a boa nova.
Quantos encontros, seminários, retiros, reflexões, relatórios, atas, artigos e publicações ocuparam nosso tempo nestes últimos anos? Parece que aprendemos muito nestes anos. “A xícara de chá está cheia”! Como São Francisco e Santa Clara, já entendemos muito bem a nossa missão de cristãos.
“Alarga o espaço da tua tenda...” Is 54, 2-3 - No trabalho com os pobres nas ruas e vielas de Calcutá, na Índia, a “Santa das Sarjetas”, em certa ocasião disse: "As mãos que doam são mais sagradas do que os lábios que rezam”. A frase de Madre Teresa de Calcutá nos remete a uma reflexão profunda, que também vem de encontro a opção feita por São Francisco e Santa Clara, de abandonar o conforto da casa paterna e reconstruir a Igreja de Jesus Cristo. O Papa Francisco nos convida a sermos Igreja a Caminho. Nosso trabalho prioritário é estar junto aos pobres e daqueles que mais precisam. “Constatamos com alegria o crescimento da consciência missionária. Crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos missionários estão surgindo em muitos lugares. Por meio deles a dimensão missionária chega a todo o povo, a todos os batizados”. Documento 115, CNBB, 28, pág. 26.
Roberto Vieira - Simpatizante de Tubarão – SC
“A vida é uma dança cósmica”. Ailton Krenac - Os artigos postados na “Na Dança do Carisma” têm nos presenteado com boas e oportunas reflexões na nossa busca de viver o carisma francisclariano. O texto que trata da atitude da disponibilidade criativa a serviço da vida foi rico e atual no mundo em que vivemos.
Atravessamos tempos densos e exigentes: as sociedades do cansaço, do olhar desatento, da indiferença, dos invisíveis, dos descartáveis e excluídos. O individualismo, a competitividade e a intolerância permeiam muitos relacionamentos em diversos contextos sociais. Aprofundar essa disponibilidade é um exercício pleno de desafios e riscos que temos refletido nos nossos encontros. É toda uma busca pessoal e coletiva onde a humildade, a generosidade e o discernimento precisam estar muito presentes. Voltar para dentro de nós, cuidar do nosso interior, vivenciar momentos de oração e meditação contribuem muito para essa escuta crítica da nossa realidade. Essa jornada para dentro de nós não nos faz romper com o mundo, mas nos faz vê-lo com uma ótica diferenciada em que a generosidade, a solidariedade, a disponibilidade e atenção prevalecem.
Somos convocadas/os, urgentemente, a repensar novas formas de habitar esse planeta, cada vez mais ferido pela ação irresponsável e predatória do ser humano. Estamos inseridas/os numa imensa teia cósmica, numa tessitura com milhões de outras espécies, numa dança de cooperação e sintonia. Infelizmente, o antropoceno trouxe graves consequências para toda a vida no planeta, como bem destacou o Papa Francisco na Laudato Si (pag. 95)
Esse ano, de modo especial, somos convidadas/os a celebrar os 800 anos dos estigmas de São Francisco de Assis, ocorrido no Monte Alverne, dois anos antes de sua morte.
Buscando aprofundar e ressignificar este testemunho de São Francisco, vários simpatizantes do Carisma Francisclariano de todo o país e além fronteiras e Irmãs Catequistas Franciscanas se encontraram no retiro on line e na vida cotidiana, nos dias 28 a 30/06. O tema escolhido foi “No caminho do Seguimento de Jesus Cristo, com Francisco, queremos contemplar os estigmas da vida, do mundo e da criação.” O simpatizante Marcio Dionízio refletiu conosco o processo de estigmatização que vivemos, os estigmas de hoje e quem são os estigmatizados dos nossos tempos.
Foi um encontro profundo que nos emocionou muito e que trouxe partilhas de vida e missão, bem como ações concretas criativas de um novo jeito de ser e de estar no mundo, na defesa da vida, no cuidado com a Mãe Terra e na construção da irmandade universal.
Agradeço as Irmãs Eunice Berri e Carmelita Zanella pelas reflexões acerca da importância da disponibilidade a serviço da vida pois suas contribuições estão em sintonia com nossas buscas e vivências na dança do carisma dos simpatizantes e das Irmãs. Que o sopro fecundo da Divina Ruah nos fortaleça com ousadia e muita esperança a dar novos passos nesses exigentes caminhos, à luz de Francisco e Clara de Assis. Paz e Bem!
Maria Elizabeth Resende de Carvalho - Simpatizante de Belo Horizonte - MG