Tendo presente os desafios enfrentados pela Vida Religiosa na atualidade, a Província Santa Teresa do Menino Jesus programou um retiro com este enfoque, em Fátima de São Lourenço – MT, para os dias 08 a 12 de julho de 2024. Participamos em número de 28 Irmãs, mais o assessor Frei Wagner José da Rosa - OFM que, humildemente aceitou a incumbência de assessorar o retiro, diante da impossibilidade de Frei Vanildo Zugno, por quem rezamos e pedimos por sua saúde.

A partir da música “Se eu quiser falar com Deus”, de Gilberto Gil, cantada por Elis Regina, fomos motivadas a adentrar tranquilamente no processo do retiro de maneira a calar a voz, ficar a sós, silenciar, desapegar do tempo e dialogar em oração com o Deus da Vida.

Ao ler e meditar a Palavra de Deus, nos vários textos propostos diariamente, o convite foi para ouvir o que Jesus diz a cada uma de nós e, acolher a mensagem que o Espírito Santo revela ao grupo nas partilhas e aprofundamentos.

No primeiro dia, o tema MEU DEUS E MEU TUDO, a partir da Palavra de Deus e de trechos da Laudato Si, trouxe a reflexão da crise do antropocentrismo moderno e suas consequências e, com a Evangelli Gaudium, a meditação sobre o relativismo prático. Este muitas vezes nos atinge e passamos a agir como se Deus não existisse; decidir como se os pobres não existissem; sonhar como se os outros não existissem e trabalhar como se aqueles que não receberam o anúncio, não existíssem. Em profundo silêncio cada uma foi levada a SENTIPENSAR: Que lugar Deus ocupa em minha vida? Como me coloco diante dele, como serva ou como senhora? Ele é meu Tudo ou Ele é nada para mim?

No segundo dia, a partir da Palavra de Deus e de textos franciscanos como 2Cel- Capítulo 106 e 109, a reflexão sobre a MINORIDADE, levou-nos a uma avaliação pessoal sobre a imagem que tenho de mim mesma e sobre as relações que estabeleço no grupo e com as pessoas pelas quais devo zelar.

O terceiro dia foi marcado pela SORORIDADE, a partir do testamento de São Francisco e dos textos da Fratelli Tutti e Amoris Laetitia. Refletimos e rezamos sobre o diálogo, tendo presente os sete verbos: Aproximar-se, expressar-se, ouvir-se, olhar-se, conhecer-se, esforçar-se por entender-se e procurar pontos de contato.

O quarto dia trouxe a reflexão da POBREZA e fomos questionadas: Onde está o tesouro da minha vida? Como me sinto em uma sociedade em que há “ricos cada vez mais ricos à custa de pobres cada vez mais pobres? No meio do turbilhão consumista e hedonista da sociedade atual, volta a ressoar o Evangelho nos oferecendo uma vida mais simples, saudável, inclusiva e feliz.

E, no quinto dia, já quase partindo, fomos levadas a refletir sobre a ITINERÂNCIA, marca da Espiritualidade Franciscana e do carisma vivenciado pelo grupo. Ao som de Gonzagão foi possível recordar que “minha vida é andar por esse país...” por esse mundo de Deus, e, que a missão iniciada por Abraão, Sara e sua descendência segue a nos desafiar a tirar as sandálias em novos espaços sagrados e fazer a experiência do Deus Encarnado que não tem medo, a quem as periferias não amedrontam, por isso está lá e nos espera, pois Ele próprio se fez periferia.

E, finalizando esse relato, recordo o documentário assistido durante o retiro- “Papa Francisco, um Homem de Palavra”. Numa das reflexões ele fala da Globalização da Indiferença e recorda a importância das Diferenças e que a uniformidade não faz crescer; que o crescimento vem do enfrentamento das tensões e, que erguer muros não resolve. O convite é para sermos, de forma inteligente, construtoras de pontes. E, ao final do filme ele recorda que o sorriso é a flor do coração e que carecemos de rezar sempre, para termos senso de humor. Que possamos viver na liberdade e com ela, amar a Deus e a quem caminha conosco, ou não.