pg incial 2018

Você está aqui: HomeNotíciasUma História de Fidelidade
19 Outubro 2024
Uma História de Fidelidade

Nesse Dia das Missões, temos abaixo o edificante relato de irmã Olga Ferreira uma missionária, que acolheu as surpresas de Deus em sua vida e “Com a Força do Espírito tem Testemunhado Cristo,” seja em terras estrangeiras ou na terra natal.

Sou Irmã Olga Ferreira. Tenho 92 anos de idade e 72 anos de Vida Religiosa Consagrada. Primogênita de uma abençoada família de 10 filhos, cresci sentindo o amor e carinho de meus pais, Antônio e Cecília, mas também a responsabilidade de cuidar de meus irmãos menores.  

 Certo dia chegou um padre em nossa Comunidade, reuniu as meninas e perguntou quem queria ser irmã. Não sabíamos o que isso significava. Ele explicou e então ouviu-se alguns “eu quero”. Entre estes, estava o meu “eu quero”. Ele anotou os nomes em um caderno. No dia 05 de fevereiro de 1945, ingressei na Congregação das Irmãs Catequistas Franciscanas. Eu tinha 12 anos. Para mim, “o padre ter anotado meu nome”, foi o ponto de partida, foi o chamado.

Passei 5 anos como aspirante. Em 1951 fiz o Noviciado e meus Votos Religiosos em 25/12/1951. Todos os estudos, desde o Básico até a Faculdade de Pedagogia, os fiz depois da Profissão Religiosa, trabalhando e estudando. Trabalhei 30 anos no Magistério, aposentando-me em junho de 1981.

Em 1982 participei do Curso CEFEPAL de 9 meses, em Petrópolis-RJ. Voltando de Petrópolis, assumi a Coordenação da Fraternidade de Rodeio, única Fraternidade que não me sentia com coragem de integrar. Em 1986, com a colaboração de outras irmãs, foi-me pedido para encerrar as atividades do Colégio Madre Avosani, previsto há vários anos.

De 1991 a 1995 em Benedito Novo, fiz minha primeira experiência na Pastoral Paroquial. Ali, em 1993, Dom Tito Buss, Bispo de Rio do Sul, nomeou-me Administradora Paroquial, por ausência de sacerdotes.

Em julho de 1995, mamãe que morava sozinha (em Passo Manso – Taió) com 91 anos, decaiu muito em sua saúde. Foi quando meu irmão me visitou e disse: “Estive na casa da mãe. Se ela continuar assim, em 6 meses não teremos mais mãe.” Com esta notícia tomei a decisão de pedir na Congregação uma licença e ficar com ela por 6 meses, pois eu dizia: “Jamais me perdoaria deixar minha mãe morrer no abandono, tendo 2 filhas religiosas.” Nestes 6 meses, mamãe, com o carinho e atenção, ressuscitou e continuou muito bem. Vendo isto, a Provincial disse: “Olga, agora não é possível deixar sua mãe sozinha. Fique enquanto precisar.” O que ninguém imaginava é que ela chegaria aos quase 100 anos. Ela faleceu em 14 de julho de 2004 e completaria 100 anos em 28 de agosto de 2004. Acabei ficando com ela nove longos anos.

Voltando do cuidado de minha mãe, certo dia, na Casa Provincial, tomando um cafezinho, Irmã Ivonete Gardini, Vice-Provincial, disse: “Ano que vem vou a Guatemala visitar as Irmãs.” Num desses momentos de “bobeira”, eu disse: “Leva-me contigo, pois quero conhecer Guatemala.” Ela olhou para mim e disse: “Sim, eu te levo, mas para deixá-la, pois Irmã Terezinha Pacheco não tem companheira e queremos abrir nova Fraternidade.” Isto deveria ser uma brincadeira que entra por um ouvido e sai pelo outro. Porém, entrou por um ouvido e baixou ao coração. De vez em quando voltava o pensamento: “Olga, bem que você poderia fazer companhia para a Tere.” Afastava estes pensamentos como se afasta uma mosca incômoda. E dizia-me: “Já tenho 74 anos, não sei falar espanhol, que vou lá fazer?” Porém, esta inquietação continuou por meses.  Afinal, decidi fazer um retiro para discernir se era vontade de Deus, ou bobagem minha. Falando com o sacerdote, que dirigiu o retiro, contei-lhe minha inquietude. Disse-me ele: “Irmã, para ser missionária não precisa nem saber muito, nem fazer muito. O que precisa é ter um coração grande, que ama um povo estranho, com todas suas diferenças e valores, e saiba amar e respeitar a terra sagrada onde vai pisar”. Isto me animou e pensei: “Isto posso fazer”. Voltando, busquei Irmã Ivonete e lhe disse: “Sim, estou disposta a ir para Guatemala”. Surpresa para ela e demais Irmãs.

Fiz o Curso de Missiologia e demais preparação e parti para Guatemala dia 13 de agosto de 2006, para dois anos.  Logo que chegamos, passamos a viver numa pequena casa alugada, no meio do povoado. Visitadas pelo nosso Bispo Mons. Julio Cabrera, disse-nos: “Hermanitas, façam alguma coisa para este povo pobre e doente.”  Irmã Terezinha Pacheco, que foi especialmente para atender a Pastoral na Paróquia, assumiu de cheio seu trabalho, com total apoio do Pároco Padre William Ordoñez. Porém, os dois pensaram também no pedido do Bispo. Foram em todas as comunidades buscando pessoas que pudessem ter interesse em medicina natural para atender as comunidades. Encontradas as pessoas, buscaram a maneira de capacitá-las.

No início deste processo, Irmã Terezinha me disse: “Olga, você vai acompanhar este grupo, na formação. É só estar com eles.” E eu, sem falar espanhol, entrei nesta. Mas Deus conduziu todo o processo. Terminada a formação, começamos a atender o povo de maneira muito simples, no salão paroquial.

Sem nenhuma propaganda, a afluência foi aumentando tanto, que mais tarde o Bispo ofereceu-se para construir um Centro de Atendimento. Buscou ajuda e logo tivemos a graça de um grande e bonito centro, a “Casa de Salud San Jose”.

Nestes 15 anos que lá estive e acompanhei todo este processo, com muita luta e sofrimento, porém tivemos a graça de ver os frutos deste esforço. Vimos verdadeiros milagres! Todo o trabalho sempre foi acompanhado com muita espiritualidade, formação continuada e muita responsabilidade.

Para mim pessoalmente, esta experiência de Guatemala foi uma das maiores graças que Deus me ofereceu. Aprendi a ser pobre, a respeitar, amar e valorizar outra cultura, outra maneira de ser, de viver, e principalmente VIVER FELIZ.

Fui para lá uma pessoa e voltei outra. Regressei em setembro de 2021. Regressando, foi-me proposto a Fraternidade de Rodeio 50, a “Casa do Sim”.

Aí estava eu feliz, ajudando em tudo que era possível.

Com a chegada do Noviciado à Casa do SIM, foi-me proposto integrar a Fraternidade de Rodeio – Centro – Casa Mãe. Surpresa! Não imaginava estar  pronta para Rodeio. Para mim, uma pessoa idosa ir para Rodeio era esperar e prepara-se para “o fim”. Vim, mas sofri muito! Depois de muito esforço e desejo de adaptação, assumi minha nova missão. Hoje, com a graça de Deus, estou muito feliz onde e com quem estou. Em todas estas “IMPREVISIBILIDADES” sempre senti a força, a graça e a presença deste Deus Pai-Mãe.

 

Informações adicionais

  • Fonte da Notícia: Irmã Olga Ferreira

Adicionar comentário


Código de segurança
Atualizar

Direção
Isabel do Rocio Kuss, Ana Cláudia de Carvalho Rocha,
Marlene dos Santos e Rosali Ines Paloschi.
Arte: Lenita Gripa

Serviços - logo branca
JFC

Congregação das Irmãs Catequistas Franciscanas
Rua Des. Nelson Nunes Guimarães, 346
Bairro Atiradores - Joinville / SC – Brasil
Fone: (47) 3422 4865