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22 Junho 2013
Eu também fui pra rua

Eu sou brasileira, com muito orgulho, com muito amor

            “Campo Grande acordou”, esse era o titulo da reportagem de capa de um dos jornais da cidade, o “Correio do Estado”, em referencia a manifestação que aconteceu no dia 20 de junho na capital de Mato Grosso do Sul. A Concentração aconteceu na Praça do Rádio, a partir das 17 horas e pelo menos 30.000 pessoas tomaram conta da Avenida Afonso Pena (uma das principais avenidas da capital), da Calógeras (outra grande avenida da cidade) até o Shopping.  Aliais tomamos conta! Pois eu também estava lá, e tenho orgulho em partilhar isso com todas, pois estou entre os milhares de indignados espalhados pelo país.  Indignada há muito tempo com a miséria; corrupção; descaso com saúde, educação... em nosso país. Nos últimos anos as coisas melhoraram, mas ainda não esta a contento. Por isso fui pra rua com essa multidão de jovens ousados/as, que demonstram a coragem que não tivemos no passado.

E fui junto para a rua não apenas para reduzir o valor da passagem de ônibus, mas também por isso. Minha família mora em Cuiabá, uma das passagens de ônibus mais caras do país, sentimos dificuldades de nos reunirmos quando vou para lá, pois todos/as são pobres e o dinheiro dos salários dá mal para a subsistência, sempre contado até o final do mês. No entanto, Cuiabá é uma das cidades que sediará a copa em 2014 e os gastos com as obras é vergonhoso, foi destruído o estádio antigo, o Verdão, e construído um novo, que dificilmente será usado após os jogos de 2014, e serão apenas dois jogos!  São muitos os que tiveram que “mudar” de suas casas para “dar espaço” às obras em prol da copa.  No entanto ninguém na cidade foi consultado sobre isso. O trânsito esta um caos e, novamente, ninguém foi consultado se queria ou não essa situação.   Por isso fui pra rua.  Gosto de futebol, pra mim a expressão de alegria dos torcedores quando seu time faz um gol me faz chegar ao êxtase.  No entanto, há mais prazer em ver meu povo saudável, bem educado, bem alimentado e desfrutando do direito de ir e vir. Por isso fui pra rua.

            Refleti muito antes de me juntar a esses jovens, que em Campo Grande foi acompanhado por pessoas de todas as idades, pois apesar de todas as dificuldades enfrentadas pelo governo atual, eu apostei e continuo apostando em sua continuidade. Assim sendo, em um primeiro momento, ir as ruas poderia ser me colocar contra o governo.  Mas refleti que também desejo mudanças e sei que o governo precisa de pressão popular para fazer valer as medidas em prol do povo.  Preciso ajudar a Dilma a fazer um governo melhor, gritando o que não está bom, e como nós queremos que seja o que não está tão bom.  Então, enfrentei o medo e também fui para a rua. Medo devido aos inúmeros casos de vandalismo que tem acompanhado essas manifestações pelo Brasil, o quem vem sendo mostrado pelos meios de comunicação.

            E na rua me deparei com cenas incríveis, muitos jovens motivados/as pelo desejo de um novo Brasil; pais e mães de famílias que desejam outro Brasil para os que estão por vir;  famílias inteiras carregando a Bandeira do Brasil, trabalhadores/as afirmando o desejo de uma caminhada pacifica, mas transformadora; deficientes em cadeiras de rodas, vitimas de violência no trânsito, manifestando sua indignação; mãe levando crianças pela mão, para que elas sejam participes de seus futuros.  Foi uma manifestação eclética e apartidária, e mesmo quem não foi pra rua, apoiou a caminhada, hasteando a bandeira do Brasil nas janelas; dando sinal, com luz verde ou apagando e acendendo as luzes.

O movimento era espontâneo, não havia carros de som, apenas a garganta que gritava gritos de ordem que era entoado com entusiasmos. Senti o coração ampliar de tal forma, que parecia não caber no peito, e também gritei, gritei como os demais “eu sou brasileira, com muito orgulho, com muito amor”.

 Lembrei-me do Fórum Social Mundial, das fantásticas caminhadas, onde cada grupo representa sua luta e sua história de forma própria, uma miscelânea de manifestações e gritos de ordem. Foi assim também em Campo Grande, com uma diferença, lá, no fórum Social Mundial, nós éramos apenas um por cento do país, os outros noventa e nove por cento estavam alheios ao que acontecia. Aqui, senti que vivemos o momento da virada, a manifestação em Campo Grande, como nas demais cidades do país, traz para a rua os outros noventa e nove por cento dos brasileiros e brasileiras. É um momento histórico, de vitória dos grupos sociais, que no decorrer de décadas, paciente e solidariamente foram gestando esses acontecimentos. 

Parece-me que precisamos ficar atentas, pois há muita noticias exageradas nos meios de comunicação que tentam distorcer e diminuir a importância desse movimento que tomou o Brasil, bem como arbitrariedade da policia, em algumas cidades, que defendem os interesses da classe opressora. Existe ainda o perigo do antipartidarismo presente nas ações de alguns participantes das manifestações.  Campo Grande também teve casos isolados de vandalismo, mas eu, bem como outras milhares de pessoas, que já tinham dado o seu recado, já não estávamos mais na rua. Os vândalos são produtos do descrédito, da falta de fé no poder da organização popular, bem como das forças que querem suplantar o movimento e transformá-lo em uma arma contra o governo do país. Não me deixo abater e rezo para que continuemos animados/as nessa mobilização revolucionária pela transformação pacifica de nosso país, nos unindo a esses jovens e apoiando-os, para que as forças da morte não apaguem a luz que se acendeu e acordou esse GIGANTE.

 

 

“Ouviram do Ipiranga as margens plácidas, de um povo heróico o brado retumbante,
e o sol da liberdade, em raios fúlgidos, brilhou no céu da Pátria nesse instante.
Se o penhor dessa igualdade conseguimos conquistar com braço forte, em teu seio, ó liberdade, desafia o nosso peito a própria morte!”

Informações adicionais

  • Fonte da Notícia: Elizabete Maria da Silva

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Direção
Isabel do Rocio Kuss, Ana Cláudia de Carvalho Rocha,
Marlene dos Santos e Rosali Ines Paloschi.
Arte: Lenita Gripa

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