Momentos de Graça
Nos dias 16 a 20 de junho, em Laurentino SC, dezenove Irmãs Catequistas Franciscanas participamos do retiro programado pela Província Santa Clara de Assis e orientado por Irmã Irmã Lucia Weiler, da Divina Providência.
O tema deste retiro foi “Compaixão”, seguindo os roteiros apresentados no segundo volume do “Ciclo de Retiros” da CLAR.
Todo o retiro transcorreu num clima sereno, alegre, de silêncio, de muita confiança e oração. Assim foi acontecendo este tempo de graça. A metodologia utilizada por irmã Lucia foi muito boa. Em cada dia, houve dois momentos de reflexão, um pela manhã e outro à tarde, seguidos de um espaço para reflexão pessoal, com a indicação de textos bíblicos. Depois, partilha em pequenos grupos. À noite, continuamos a reflexão com a ajuda de filmes e vídeos. Tivemos também duas celebrações Eucarísticas. Para cada tema havia um ícone ou símbolo, todos muito sugestivos.
Iniciamos contemplando o ícone da Trindade, compassiva e misericordiosa. Envolvidas pela compaixão da Trindade, fomos convidadas a silenciar e nos colocar em atitude de escuta.
Por que me retiro? O que trago comigo? O que venho buscar? O que desejo encontrar? Contemplamos duas crianças se abraçando e fomos convidadas a reaprender a sentir. À noite, assistimos a um filme sobre a vida de Edite Stein, um testemunho de compaixão.
No dia seguinte, fomos convidadas a contemplar uma árvore cheia de raízes. Cada uma foi incentivada a entrar em contato com suas raízes, a enraizar-se em Cristo, a estender as raízes dentro do chão da vida concreta, a nutrir-se da seiva do Carisma da Congregação…
Meditamos também sobre o discernimento: Que vozes escutar? Que processo nos leva a discernir? O filme “Homens e deuses” ajudou-nos nesta reflexão.
A vida de Dom Luciano Mendes de Almeida foi mais um testemunho de compaixão. Ele dizia: “Esta ternura, este carinho, este compromisso com a criança pobre e desamparada e com o adolescente desorientado vêm de Deus e é a nossa identidade”.
Prosseguindo na caminhada, paramos diante de uma lanterna, símbolo do buscar e encontrar. Nosso ser grita, anseia pelo encontro com outras pessoas. A quem buscamos? A quem encontramos? Vimos o exemplo de uma comunidade que se encontrou com crianças e adolescentes que trabalhavam num grande mercado municipal. Foi um processo que exigiu muito, porque havia medo, preconceito. Mas o encontro aconteceu, com a ajuda de educadores/as de uma ONG.
A partir do símbolo da porta, meditamos sobre o tema do perdão. Porta aberta para entrar e sair; para buscar e encontrar; para ser buscada e encontrada; para acolher e perdoar; para ir e bater à porta de outras pessoas; para que alguém chame à minha porta. Alegria de escutar este chamado e de abrir a porta, descobrindo o rosto de quem me busca! Alegria também ao bater à porta da outra/o, arriscando tudo de mim, para estabelecer um novo contato, oferecendo quem sou. Arriscando, na incerteza de ser acolhida/o ou rejeitada/o, lançando-me na fé!
O perdão faz parte da compaixão. Ou a compaixão é condição do perdão. Ou seu sinal. Eu sei que perdoei quando posso voltar a ver a minha irmã ou irmão como pessoa, como digna/o de minha saudação, de minha consideração, de minha amizade e compaixão. Uma compaixão já não tão ingênua ou cúmplice, mas realista, arraigada no mandamento do amor, recebido na fé.
Servir foi outro tema profundo, cujo ícone meditado e contemplado foi o Lava-pés. “Eu não vim para ser servido...”. O lava-pés nos faz sentir as mãos, a água, a toalha, os pés que revelam muito da pessoa, os joelhos sobre o chão, a atenção no gesto de servir, a contemplação do rosto de quem recebe este gesto de hospitalidade, os sinais de descanso (relax) e de paz em seu corpo.
Dar fruto. “Se o grão de trigo não morre, não dá fruto...”. Foi o tema seguinte, refletido com a ajuda do símbolo de uma árvore cheia de frutos. Contemplamos as frutas, algumas verdes, outras maduras. O ramo quase se dobra com o peso de tanta produção. Isso porque a árvore é sadia, porque choveu bem, porque não faltou o sol, porque a planta é o que é. A fecundidade surpreende e supera todas as expectativas.
Aqui, o testemunho de compaixão foi Madre Teresa de Calcutá:“O fruto do silêncio é a oração. O fruto da oração é a fé. O fruto da fé é o amor. O fruto do amor é o serviço. O fruto do serviço é a paz”.
Contemplamos também Maria, mulher compassiva. Modelo e figura da Igreja fiel a Cristo. Modelo e intercessora de nossa vocação religiosa. Meditamos sobre cada um dos mistérios gozosos. No final, com Maria, entoamos o Magnificat: Minha alma proclama a grandeza e a compaixão de Deus nosso Salvador e Libertador...
Cada uma vai levar consigo o testemunho da assessora, das colegas, do grupo de partilha e, sobretudo, da acolhida e compaixão do Deus Trinitário. Muitas vezes, certamente, vamos procurar o “colo carinhoso do Pai”. A vela que acendemos na vela maior (Cristo) durante a celebração Eucarística de reconciliação, nos lembrará sempre do compromisso com a vida fragilizada, à qual devemos levar luz-vida. Vai nos lembrar também que “com a Eucaristia eu posso abraçar o mundo e o mundo está dentro de mim” (D. Helder).
Irmã Terezinha A. Sotopietra esteve conosco na última manhã e nos adiantou que, no próximo ano, mais ou menos neste mesmo período, haverá novamente a oportunidade de fazermos o retiro. Em 2014 a temática será francisclariana.
Na avaliação, todas foram unânimes em afirmar que o tema do retiro, a metodologia, a assessora, o ambiente, tudo foi muito bom, bem como o relacionamento e a partilha nos grupos. Deus seja louvado!