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22 Agosto 2025
Frei Polycarpo – Homem de Ativa Esperança


Soube buscar fonte segura e amorosa
 

Foi, com certeza, uma demorada travessia, da Alemanha até a Bahia, no longínquo 1899, para o jovem Frei Polycarpo Schuhen aportar por estas terras! Recém ordenado (23 de maio deste mesmo ano), trazia na bagagem sonhos, expectativas, desejos e, sobretudo, como todo jovem, um vigor enorme e disposição maior de se colocar inteiro no serviço das comunidades às quais seria destinado e uma profunda e arraigada esperança de poder exercer fecunda missão.

Podemos imaginar que para um missionário, a travessia geográfica, com a visão da imensidade das águas, faz mergulhar na outra necessária e ainda mais lenta: a travessia cultural, climática, linguística, a travessia espiritual, emocional, psicológica. Ele certamente a começou com o mesmo denodo com que havia empreendido a viagem física, geográfica. 

Aqui no Brasil, terminados os estudos teológicos, mergulhou de cabeça e corpo inteiro no fecundo trabalho pastoral, até que uma bala de revólver parou abruptamente este coração que batia pela catequese e pela educação à qual chamava “principal veículo para instaurar a fé”. Não é, pois, de estranhar que se tenha empenhado tanto pelas escolas, como pelas novas professoras que enviava. Educador atento, “deu-se conta de que aquelas moças, enquanto pessoas e enquanto grupo, deviam crescer. Para isto, tinham necessidade de orientação nos mais diversos sentidos” (Ede Maria). 

Para suprir esta carência, não agiu sozinho e nem se aventurou por um campo que não era especificamente seu. Soube buscar fonte segura e amorosa: Irmã Clemência Beninca, religiosa, educadora e auxiliar do pároco na catequese. A si próprio reservou a orientação espiritual e franciscana. Compartilhou sua esperança com outras pessoas que também sonham o sonho de Deus para o mundo e semeiam em terreno preparado com sabedoria e confiança.

O testemunho de quem o conheceu de perto diz que gostava da catequese e das crianças. Ele as atendia pessoalmente com bondade, que contrastava com seu caráter severo e exigente. Essa mesma exigência o fazia acompanhar com diligente observação, como as catequistas realizavam até as tarefas cotidianas.

Será forçado pensar que o fazia movido por sua responsabilidade de formador franciscano?  Estas jovens professoras já não eram simplesmente substitutas do mestre-escola: eram franciscanas e nas tarefas cotidianas que incluía o cultivo da terra, o cuidado de animais, preparação de alimentos, uso da água, ... se pratica de maneira especial a relação de irmandade com todas as criaturas

Homem de esperançosa e persistente confiança. Diante dos inevitáveis tropeços e desvios quando se enceta um caminho novo, mesmo sem o apoio dos confrades, seguiu animando, instruindo, orientando, corrigindo, impulsionando, convidando outras jovens para integrar o novo grupo que se formava na igreja, porque via nele, como se vê na semente, a promessa de bons e abundantes frutos. 

Homem eclesial, no primeiro momento oportuno - a visita pastoral, falou a Dom Joaquim Domingues de Oliveira, bispo diocesano e canonista zeloso dos cânones, sobre o novo broto que estava crescendo na árvore da igreja, em Rodeio/SC. E teve a alegria de testemunhar o bispo abençoando e “batizando” suas “filhas”, como carinhosamente chamava as Catequistas. Seu nome seria Catequistas e, juntas, seriam a Companhia das Catequistas.

Enquanto estava em Rodeio foi suporte previdente, “verdadeiro pai”. Preocupou-se com as catequistas não só cuidando de seu progresso espiritual. Vendo que o grupo aumentava em número, providenciou terreno e casa para elas ficarem, pobres, mas dignamente, em um lugar próprio, quando se reunissem em Rodeio para férias e para seguir sua instrução e formação. Foi propriamente ele quem providenciou a primeira casa-mãe. Irmã Ede traz interessantes detalhes em seu livro Em resposta ao clamor do povo (pg. 89-90).

Mas chegado o tempo em que ele, conforme normas da Ordem, deveria ser transferido, como franciscano fiel, “preferiu dar às Catequistas a maior e melhor das lições: a obediência, tão profundamente vivida por Francisco de Assis. De que forma, senão com o próprio testemunho poderia ensinar àquele incipiente grupo a obediência franciscana? ... Frei Polycarpo partiu para Santo Amaro da Imperatriz, perto de Florianópolis, de onde seria fácil acompanhar o grupo que deixara” (Ede Maria Valandro, 1990).

Sua peregrinação terrenal, sua atuação apostólica, seu testemunho de irmandade, de zeloso interesse pela educação e catequese da juventude e a vivência da fé em comunidade findou na madrugada de 22 de agosto de 1939, em União da Vitória/PR, abatido pela arma de um assaltante que invadiu sua casa. A Companhia das Catequistas, da qual foi amoroso parteiro, estava às vésperas de completar 25 anos.

Bendito seja Deus, por esta vida intensa e fecunda. Bendito seja o Espírito que o inspirou e guiou para colocar em prática a ideia de Frei Modestino Oecktering. Bendita seja a coragem e abertura das jovens terciárias de São Francisco. Bendita seja a dedicação amorosa de Irmã Clemência. Bendita a coragem das primeiras que, sem pretensão, abriram caminho novo. Bendito seja Jesus Cristo, Mestre e guia, cujas pegadas foram o mapa que a todos e todas guiou para mudar a história, para reescrevê-la com letras de entrega, de humildade, de puro amor.

Informações adicionais

  • Fonte da Notícia: Irmã Maria Fachini

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