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10 Dezembro 2025
Nossa Senhora de Guadalupe e os Três Joões

 

“Não tenha medo, acaso não estou aqui, que sou sua Mãe?”

 

No dia 12 de dezembro, celebramos umas das festas marianas mais queridas do povo de Deus, a festa de Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira da América Latina. Nessa data o povo recorda o amor maternal da Mãe de Deus e nossa, manifestado na sua aparição no ano 1531, no México. Neste evento mariano e cristológico, três Joões são envolvidos, a saber: O indígena Juan Diego, o seu tio João Bernadino e o bispo João de Zumárraga. Lembremos que o nome João, biblicamente representa o amor, o discípulo amado. Portanto, todos os três Joões são muito amados por Nossa Senhora.

Antes de falar dos Joões, é bom recordar que essa aparição de Maria acontece num contexto em que o povo mexicano passava por um período de profunda crise social, política, econômica, cultural e espiritual com a recente invasão espanhola. A sociedade indígena estava desestruturada e traumatizada pela conquista militar que os astecas sofreram em 1521. O povo havia perdido seus líderes, suas estruturas de poder, grande parte da sua identidade cultural.

O primeiro João, Juan Diego: a Virgem de Guadalupe aparece a esse simples indígena. Ela aparece como uma jovem. Em sua imagem traz traços característicos da etnia indígena. Traz uma mensagem de amor e dignidade aos nativos, que estavam impactados pela colonização. Ela aparece com proximidade, com um rosto indígena, com símbolos e códigos compreendidos pelos indígenas. É Juan Diego que recebe a mensagem da Mãe de Deus, acolhe as rosas e leva ao bispo como sinal e prova que Maria desejava a construção de uma ermida. Um tanto incrédulo, o bispo duvida da mensagem trazida pelo indígena.

Em nossos tempos, Juan Diego representa os povos indígenas com a luta pelo reconhecimento de sua dignidade. Sua figura tem se tornado um símbolo de resistência cultural e espiritual, assim como um modelo de santidade que nasceu em meio ao povo leigo e simples. Juan Diego é um exemplo de missionário e evangelizador. Deixemo-nos nos inspirar por seu exemplo.

O segundo personagem é Juan Bernardino, o tio enfermo de Juan Diego, que estava quase morrendo, e tinha pedido um sacerdote para se confessar. Juan Bernardino representa a memória e a tradição dos povos indígenas no contexto das aparições de Nossa Senhora de Guadalupe. Como tio idoso de Juan Diego, ele é visto como a raiz do povo e o portador de sua história. Sua figura é a personificação da raiz, que em um contexto indígena significa a história, a memória viva e a tradição que sustentam o povo. Hoje, sua figura simboliza a importância da experiência ancestral e da sabedoria dos mais velhos dentro de uma comunidade.   

Por fim temos o terceiro João, que no caso é Dom Juan de Zumárraga, o bispo. Este último personagem, teve grandes dificuldades para acreditar no relato de Juan Diego. Entre tantos motivos para sua descrença poderia estar racionalismo, indiferença, ignorância, desvalorização... Talvez por estar tão imbuído com a mentalidade da sua época e a igreja do seu tempo, que lhe parecia impossível acreditar que a Nossa Senhora de Guadalupe se manifestasse aos pequenos e simples de Deus, como um indígena.

Quantas vezes agimos semelhante ao bispo, menosprezando e não dando a importância necessária aos povos originários. Sabemos que muitos líderes indígenas são luz e esperança, e sustentam aqueles que lamentavelmente são perseguidos pelas elites corruptas.Devemos nos perguntar, será se acreditamos na ação de Deus através dos povos originários?! Acreditamos que é a força de Deus que os impulsionam a saírem às ruas nas lutas por seus direitos?! Ou será que ainda acontece o que aconteceu com Juan Diego, que foi desprezado?!

A partir da conversão do bispo Dom Frei Juan de Zumárraga, temos nele a representação daqueles que defendem os direitos indígenas, promovem a educação, a cultura. Ele se torna figura-chave na consolidação do cristianismo e do evento guadalupano no México. Isso mostra que todos temos a possibilidade de mudar de vida, acolher a mensagem de Deus, amar todas as pessoas e a comprometermos a trabalhar pelo Reino de Deus e a sua justiça.

A aparição de Nossa Senhora de Guadalupe, nos ensina muito, nos faz reconhecer que o amor humano que mais se parece ao amor de Deus, é o amor de uma mãe.  Infelizmente, no nosso tempo, continuamos a viver com a falta desse amor e por isso vivemos em meio a guerras, fomes, perseguições, tráfico de pessoas, pessoas que sofrem com a questão da imigração. Sejamos acolhedores, como Maria.

Reconheçamos Nossa Senhora de Guadalupe, como nossa terna mãe, aquela que coloca os pés no chão para sentir a dor de seus filhos e filhas que estão dominados por injustiças, desumanidade. Maria carrega e traz para nós seu Filho; carrega a Luz para o mundo, carrega as alegrias e esperanças no meio de tantos sofrimentos. 

Assim como Maria transformou com a amor a vida dos três Joãos, deixemo-nos também nos transformar por esse amor maternal. Deixemos que a mensagem de Maria chegue aos nossos corações e continuemos crendo que é possível construir um mundo mais justo e solidário.

Que a mensagem de Guadalupe penetre na nossa vida, no cotidiano, para que possamos viver bem a nossa vida de Irmandade; que não tenhamos medo de abraçar o projeto de Jesus, seu filho. Que ela nos ajude a acreditar sempre na esperança de um mundo mais humano e de irmãs e irmãos.

Tomemos para nós a mensagem de esperança da Padroeira da América Latina dirigida a Juan Diego: “não estou eu aqui, eu que sou a tua mãe?! Que essa mensagem nos lembre sempre que não estamos sozinhos e sozinhas nesta travessia.

Nossa Senhora de Guadalupe, rogai por nós!

Informações adicionais

  • Fonte da Notícia: Irmã Lutéria del Carmen Morales

Comentários  

#1 Maria Fachini 11-12-2025 08:26
Muy bonita reflexión, querida Luty. Gracias por acordarnos el confortador mensaje: “No estoy aquí, yo que soy tu Madre?!".
Grande abrazo. Feliz Navidad! Un nuevo año lleno de luz y cariño de la Virgencita, Madre de América Latina.

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