Foi com muita alegria que recebemos o convite da Irmã Laura Vicuña para assessorarmos o 2º Encontro das Amigas/os do Carisma Francisclariano, em Porto Velho – RO.
O tema escolhido pela equipe coordenadora foi: “A identidade e missão dos/as amigos/as do carisma, segundo a proposta evangélica de Francisco e Clara de Assis".
O encontro aconteceu nos dias 25 e 26 de maio, na casa das Irmãs Catequistas Franciscanas. Chegamos no dia 22 e fomos acolhidas, com carinho, pelas Irmãs Maria Poffo, Marilde Zonta, Laura Vicuña, Zulmira Riquetti e Vergínia Martina.
Tivemos a oportunidade de conhecer, um pouco, da realidade de Porto Velho, o Rio Madeira, com suas margens assoreadas, a complexa realidade das migrações, principalmente do nordeste, com suas histórias de lutas, resistências e muita superação de desafios.
Discutimos a proposta do encontro com a Equipe de Articulação das Amigas/os do Carisma Francisclariano da Província Amábile Avosani, PAMA.
Dela participam as Irmãs Laura e Marilde, Maria de Jesus de Porto Velho, Maria de Lurdes, do Acre e Andréa e Auxiliadora, de Humaitá – AM. Refletimos sobre o carisma francisclariano e os caminhos de Francisco e Clara ontem e hoje. Num mundo em movimento, cheios de apelos e provocações, o que esses caminhos significam para nós? O texto “Desafios ao tecer os caminhos e metodologias: algumas reflexões” ressaltou que o como caminhar é importante, buscando a construção de metodologias participativas e inclusivas, em sintonia com o carisma das Irmãs Catequistas Franciscanas.
Conhecemos e partilhamos, também, as experiências com vários grupos e apresentamos o projeto de formação/2013, do nosso grupo de Camargos, de Belo Horizonte, Minas Gerais.
Sábado, à noite, fomos participar da celebração com a comunidade do Divino Espírito Santo, próximo à casa das irmãs. A festa da Santíssima Trindade é um momento especial para refletirmos sobre nossa própria identidade e missão.
É uma boa oportunidade de valorizarmos as diferentes manifestações do amor de Deus na comunidade e no mundo: as etnias, os serviços e ministérios, os movimentos e organizações sociais, as iniciativas diversas em favor da vida e da ecologia e outras.
O domingo, pela manhã, foi dedicado ao planejamento das propostas de continuidade, discutido pelos participantes organizados por núcleos. Foi realizada a avaliação do encontro, com sugestões para o próximo, cujo período escolhido foi maio/2014.
Havia representantes do Acre, Amazonas, de Porto Velho e outros municípios de Rondônia. Dois representantes vieram do Peru.
Não é fácil expressar a riqueza de tudo o que vivemos lá. Essas partilhas entre as províncias, de realidades tão diversas, é um campo rico e fecundo de compartilhar sonhos e utopias, lutas e superações, espiritualidades e esperanças renovadas.
Lindalva encontrou, na louvação, uma forma de expressar nossas vivências e dos agradecimentos que queremos compartilhar.
“Eu te louvo, Pai/Mãe, Senhora do céu e da terra,
porque escondestes essas coisas aos sábios e intelectuais,
e as revelastes aos pequeninos, às pequeninas” (Mt 11,25).
Louvada seja a Divina Ruah pelo encontro, pela amizade, pelo carinho, pela esperança, sonhos novos, novas utopias!
Louvado seja o seguimento de Jesus de Nazaré nas pegadas de Francisco e Clara de Assis, de Amábile, Maria e Liduína, que nos precederam com o sinal da fé e do amor encarnados na vida de um povo!
Louvado seja por Alzira, Beatriz, Tereza Valler, Lucia Gianesini, Marlene, Rosali, Elsa, Ármide e tantas outras que estão abrindo as portas de suas casas para que outras Minorias Abraâmicas possam entrar e celebrar a vida junto ao povo mais oprimido.
“O povo é apenas um “resto”, um resto de esperança.” (Pedro Casaldáliga).
“Amazônia ventre bendito. Terra sagrada, Ameríndia flor,
sustento da tua gente, tuas matas berço divino de amor!”
Não ficou só no canto... bendito em todas as vozes carregadas de tanta emoção: ancorou em nossos corações (Beth e Lindalva) ainda com margens esbarrancadas qual o Rio Madeira de tantas histórias de conquistas, lutas opressões – mas continua rio correndo para um Mar Grande.
“Como no Gênesis flutuava a cara de Deus, hoje é a esperança que paira sobre a face das águas do meu rio. Que ainda paira. Apesar de tudo. Apesar da destruição, do saque de suas riquezas, do desflorestamento impiedoso, da fauna
ameaçada e, sobretudo, do desamparo das comunidades ribeirinhas,
a esperança amazônica resiste.” (Thiago de Mello)
Foi assim, companheiras, que senti cada dia desse encontro – um aprendizado acontecendo mudanças, uma escuta compartilhada de muita ternura vinda de tantos lugares, onde vocês estão semeando a boa notícia, descendo e subindo os rios, “ouvindo os clamores do povo”, abrindo novamente o livro do profeta Isaías (sendo também profetas) - porque, também, são consagradas e ungidas (Lc 4, 18-20).
Foi o encontro da Graça do Senhor, acreditem.
Abraços a cada um/a de vocês à luz de um canto das comunidades – penso que será o canto de todas nós:
PELA FORÇA DO AMOR, O UNIVERSO TEM CARINHO
E O CLARÃO DE SUAS ESTRELAS ILUMINA O CAMINHO,
NAS TORRENTES DA JUSTIÇA,
MEU TRABALHO É COMUNHÃO,
ARROZAIS FLORESCERÃO,
E EM SEUS FRUTOS LIBERDADE COLHEREI!!
Aqui e aí, vamos caminhar juntas.