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17 Fevereiro 2014
As diversas faces do conflito do Sul do Amazonas

Os povos Tenharim e Jiahui, habitam nos dias atuais as terras localizadas à beira do rio Marmelos (Humaitá/Manicoré/Apuí-AM), um dos afluentes do rio Madeira. As aldeias são divididas pela BR-230, a rodovia Transamazônica, que se constitui, para os Tenharim e Jiahui, no principal meio de locomoção, comunicação e escoamento de alguns de seus produtos.

Antes da BR-230, os Tenharim e Jiahui eram uma população por volta de mais de 10 mil pessoas, que foram dizimados e reduzidos a uma população de 200 pessoas ainda na década de 70. Atualmente não chegam a 900 indivíduos. Os Jiahui foram quase dizimados. De um grande povo foram reduzidos drasticamente, além de terem sido expulsos de seu território tradicional.

Foram usados como mão-de-obra barata (semi-escravos), causando forte impacto sócio-cultural. Com a chegada da rodovia, seus cemitérios foram soterrados e dessacralizados, a fauna e a flora destruídas, etc. Acima de tudo, com a chegada da estrada foram também adentrando fazendeiros, madeireiros e garimpeiros.

Para compreender o presente conflito, se faz necessário entender a história de ocupação na Amazônia, que sempre desconsiderou a presença dos povos indígenas na região. Com esta política, inúmeros migrantes das diversas regiões do país, incentivados por propagandas enganosas do Governo brasileiro, foram entrando pela Amazônia e, um dos principais acessos foi a Rodovia Transamazônica.

Num período de mais de 40 anos de Transamazônica, as tensões foram se somando diante de diferenças culturais, questão fundiária (invasão das terras e roubo das riquezas naturais), ausência de políticas públicas (saúde, educação e sutentabilidade).  Tudo isso aconteceu e continua acontecendo com a total anuência do Estado Brasileiro que, ao mesmo tempo, se mantém ausente e omisso diante dos fatos.

Com o fato do desaparecimento de três pessoas na Rodovia Transamazônica no trecho entre Humaitá-AM e Santo Antônio do Matupi-AM, (num percurso de 180 km), acirrou-se o conflito territorial nesta região, alimentado por uma mídia preconceituosa e discriminatória em relação aos povos indígenas, ocasionando uma constante criminalização coletiva dos povos Tenharim, Jiahui e de todos os povos indígenas.

Não podemos pensar esta situação, como algo localizado somente no sul do estado do Amazonas. Esta realidade faz parte de um conjunto de ações e interesses de grupos econômicos, que em nível de Brasil, procuram de todas as formas anular os direitos indígenas, garantidos nos artigos 231 e 232 da Constituição Federal de 1988.

Os povos Tenharim e Jiahui estão sofrendo uma pressão psicológica muito grande, devido a constante criminalização do povo e o confinamento (livre trânsito dentro e fora do território) em que vive hoje, alimentados, sobretudo, com as campanhas preconceituosa e discriminatória dos meios de comunicação social local e regional. Outro grave problema, que a população vem enfrentando é a falta de alimentos e os bombardeios da mídia sensacionalista.

O conjunto de entidades indigenistas, movimentos sociais e entidades religiosas, reunidas em Porto Velho e solidárias a causa dos povos indígenas, fizeram alguns encaminhamentos:

1.    Participar (com um maior número possível de entidades e pessoas comprometidas) do Encontro de Apoiadores dos Povos Indígenas a ser realizado na Aldeia Marmelo, do Povo Tenharin, em data a ser confirmada pelas lideranças indígenas;

2.  Organizar e Realizar um plano de formação em "Política de Direitos" para lideranças comunitárias de igrejas, professores, estudantes e associações, com vistas a formar um "Grupo Permanente de Diálogo sobre Direitos";

3.    Disponibilizar e Divulgar vídeos com Indígenas, falando de sua realidade e da busca pelo respeito;

4.  Articular com a UNIR, UFAM e o Projeto Nova Cartografia Social da Amazônia, a realização de Seminários Acadêmicos que traga a questão indígena para o centro do debate na construção de novas consciências;

5.    Campanha permanente por alimentos em igrejas, escolas, comércio, cobrando da CONAB maior quantidade e menor tempo para entrega, já que tem o compromisso do Ministério Desenvolvimento Social.

6.    Manter permanentemente nas Mídias Sociais informações/opiniões oriundas dos indígenas à cerca de sua realidade local, como forma de contrapor as informações distorcidas.

Informações adicionais

  • Fonte da Notícia: Irmãs Laura Vicuña Pereira Manso e Marilde Zonta

Comentários  

#1 Arinado Duarte 18-02-2014 19:42
Irmã ouvir o que pessoas falam para a gente é uma coisa,
conviver o dia dia é completamente diferente, vale lembrar
que em momento algum o povo de Humaitá teve qualquer tipo de problema com os povos indígenas, sejam eles
tenharin, parintintin, jiahui ou qualquer outra etnia, mais foi
lamentável o que eles fizeram, e agora o povo humaitaense tem se esforçado para manter a paz, infelizmente alguns índios
só pensam em valores e as vezes acabam escravizando seu próprio povo, exemplo dos parintintins que hoje estão em sua aldeia
tudo culpa de meia duzia de índios que tem seus carrões enquanto alguns não tem nada. Mas, o que devemos fazer é unir forças para haja sempre paz entre os povos indígenas e não indígenas.

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