Com o tema “Defender a terra é defender a vida dos povos indígenas”, nós, 18 povos indígenas de Rondônia, noroeste do Mato Grosso e sul do Amazonas (Arara, Canoé, Kassupá, Kujubin, Guarasugwe, Juma, Kaxinawa, Mamaindê, Migueleno, Oro Mon, Parintintin, Piripkura, Puruborá, Sakyrabiar, Tawaende, Tupari, Uru-Eu-Wau-Wau e Karipuna), junto a nossas entidades representativas (Associação Apoika – povo Karipuna; Associação Maxajã – povo Puruborá; Associação Jupaú – povo Uru-Eu-Wau-Wau; Associação Paygap – povo Arara; Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira – Coiab; Organização dos Povos Indígenas de Rondônia, Noroeste do Mato Grosso e sul do Amazonas – Opiroma; Organização Oro Wari; Centro Acadêmico Intercultural Indígena – CAII) e nossos apoiadores (Ministério Público Federal, Conselho Indigenista Missionário – Cimi e Greenpeace), reunidos de 2 a 6 de abril, nos solidarizamos com a luta e a resistência do povo Karipuna, que há anos vem denunciando as constantes violações de seus direitos.
Os povos indígenas presentes, sensibilizados com a gravidade das invasões na Terra Indígena Karipuna e nas demais terras indígenas do Estado de Rondônia, noroeste do Mato Grosso e sul do Amazonas, denunciamos a omissão do governo e dos órgãos competentes, que não vem fazendo a proteção do território Karipuna e demais terras indígenas.
Diante dessa omissão, as terras indígenas estão sendo invadidas, causando impacto social e ambiental e, no caso do povo Karipuna e dos povos isolados presentes em seu território, a iminência do risco de um genocídio.
Apesar das inúmeras denúncias, as poucas ações realizadas até o momento foram ineficazes para coibir as invasões e ameaças à integridade territorial, cultural e física dos povos indígenas. Os povos presentes neste primeiro encontro vem fortalecer a luta e a resistência do povo Karipuna na defesa de sua terra tradicional.
Nós, povos presentes, exigimos do Estado brasileiro agilidade na retirada dos invasores e do crime organizado que age impunemente neste território. Que os envolvidos sejam criminalizados na forma da lei, civil e penalmente. Que o Estado brasileiro cumpra seu dever de acordo com a Constituição Federal de 1988 e a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) no que tange ao direito à vida, ao território e à cultura.
A terra é a base de toda a nossa existência. Essa base se sustenta através da cultura praticada no nosso dia a dia. Reafirmamos que a terra é mãe, é vida, é onde preservamos a memória dos nossos antepassados e garantimos a vida das nossas gerações presentes e futuras.
Nós resistiremos sempre!
Terra Indígena Karipuna
6 de abril de 2019