Foi o amor cordial do nosso Deus que fez de Liduína Venturi uma História de Amor e Cordialidade!
Havia dado certo a experiência iniciada em 1913 com Amábile Avosani, que atendera ao apelo de Frei Policarpo Schuhen, para suprir as necessidades de educação e Catequese em Aquidaban, hoje Apiúna/SC.
Em 1914, surgiu nova necessidade: substituir os dois professores locais na capela de São Virgilio, em Rodeio 50. Frei Policarpo não teve dúvidas. Lançou novo apelo às moças da Ordem Terceira Franciscana. O convite teve resposta imediata de Maria Avosani, irmã de Amábile.
Liduína Venturi também sentiu forte o apelo em seu coração cordial e generoso, mas a família lhe fez um pouco de resistência. Era uma das últimas filhas, muito ativa nos trabalhos da casa e na lide com os animais domésticos. Além disso, um pouco frágil. Era preciso coragem para enfrentar algo novo. Uma jovem camponesa, tímida, daria conta de dar aulas na vila?
Liduína ouviu a voz de Deus e deixou-se conduzir pela graça. Com muita serenidade e firmeza, superou os receios e obstáculos da família. No dia 24 de junho de 1914, aos vinte anos de idade, apresentou-se a Frei Policarpo. Dias depois, com uma trouxa de roupa debaixo do braço, saiu de casa e foi juntar-se a Maria Avosani, na Casa Menino Deus, das Irmãs da Divina Providência, onde se preparou para a nova missão.
Para quase tudo se ia a pé. Por isso, Liduína aprendeu a fazer longas caminhadas, respirando o ar puro das montanhas e da roça. Aprendeu a viver uma vida simples e austera, que a situação da época exigia. Contudo, foi sempre uma jovem ardorosa e exemplar. Bonita, de olhos vivos e penetrantes. Muito bem humorada. (Fonte de pesquisa: Augusta NEOTTI. Liduína Venturi – Mulher do Sorriso evangelizador. Joinville, 2003).
Muitas de nós tivemos a graça de conhecer Irmã Liduína, com ela conviver e aprender muitas lições de vida. Seguem alguns depoimentos.
Conheci a Irmã Liduína nos anos de 1956 e 1957, quando eu era juvenista em Rodeio. Ela era uma pessoa sempre alegre, simples e fraterna. Muito trabalhadora e gostava das meninas que a ajudavam a remendar a roupa. Era uma irmã muito fiel e cultivava a espiritualidade franciscana. Muito bondosa, conversava com as juvenistas que trabalhavam com ela e sempre perguntava: “Carina, você foi à missa hoje?” (Irmã Ana Mondini – Casa Mãe, Rodeio/SC).
Eu era criança quando conheci Irmã Liduína. Minha mãe fez promessa de mandar um litro de leite para as irmãs, todos os dias, durante vinte anos. Eu sempre levava o leite e, no fim de semana, a mãe mandava junto uma cuca ou pão feito por ela. Gostava que a Irmã Liduína viesse me atender na entrega do leite, porque ela era sorridente e alegre, e sempre tinha uma moedinha pra me dar. Era gostoso estar com a Irmã Liduína, porque ela dava muita atenção; irradiava ternura e bondade. Foi o autêntico testemunho dela que despertou a minha vocação e ingressei no colégio. (Irmã Miriam Stolf – Casa Mãe, Rodeio/SC).
Lembro de uma frase de Irmã Liduína: “Eu também vou com vocês”. Conheci sua família. Pais católicos praticantes, moradores em Diamantina (Pico), município de Rodeio/SC. Sua mãe era chamada de Santa – um presente de Deus com a família, visitantes e moradores. Família exemplar, de quem Irmã Liduína teve marcas inapagáveis na congregação das Irmãs Catequistas Franciscanas, que se perpetuam por gerações. “A palavra comove e o exemplo arrasta”. Desde criança, depois como jovem e religiosa, via sempre a Irmã Liduína e admirava muito o seu jeito de ser amiga e irmã. (Irmã Ignez Ochner – Casa do Sim, Rodeio 50).
Conheci e convivi com a Irmã Liduína Venturi na Casa Mãe, em Rodeio. Pelos anos de 1960, eu trabalhava na formação de aspirantes e postulantes, um bom grupo de jovens. Irmã Liduína Venturi vivia na fraternidade. Nos longos corredores da Casa Mãe caminhava Irmã Liduína, atenta a tudo e a todos; com braços abertos e largo sorriso com quem encontrava; com palavras de carinho ou uma conversa curta, observando as pessoas, a natureza, a vida, a história e a bondade de Deus Pai sempre presente. Não faltava aquele sopro do Espírito, acompanhado pelo semblante reflexivo. As jovens a estimavam muito. Para mim, um testemunho constante. Muitas vezes solicitava sua ajuda para refletir com as jovens. Ela partilhava textos bíblicos, e sabia envolver o grupo. Vivia e encenava o texto ou aquilo que ensinava acompanhado pelo semblante, voz, gestos, na alegria ou na dor.
Bonito e gostoso era vê-la de braços abertos ou de mãos postas, e às vezes correndo, em direção à Capela ou às pessoas. Sabia tudo o que acontecia na Comunidade. Costumava ir até a estrada falar com quem passava. Na chegada de irmãs ou jovens, alegrava-as com aquela acolhida, correndo ao encontro com abraços e sorrisos. Participava da oração. E como cantava! Irmã Sorriso e sempre presente! (Irmã Clementina Fusinato – Casa do Sim, Rodeio 50).
Irmã Liduína, que abriu caminhos para muitas crianças, jovens e comunidades, nos inspire hoje nos caminhos da missão! Com Amábile e Maria, e todas as irmãs que nos precederam, seja estrela guia na busca de uma nova organização, a serviço do Reino de Deus.
Comentários
Ouvi alguem contar (faz tempo isso): que o povo de Rodeio, quando faltava chuva ia pedir para Irmã Liduina rezar e pedir chuva, que não demorava em cair. O poder da oração que ela cultivava. Irmã Liduina olha para nós, queremos ser missionária como você soube ser em seu tempo. Obrigada.