Domingo, dia 29 de setembro, em Rondonópolis – MT realizou-se a 4ª Romaria Franciscana em Defesa do Cerrado, com a participação de um número aproximado de 200 pessoas, de Rondonópolis, Cáceres e Poconé.
A romaria foi preparada e realizada com as parcerias: Comissão Pastoral da Terra, CF 2019, Irmãs Catequistas Franciscanas, Paróquia Sagrado Coração de Jesus, Grupo Arareau, Movimento 13 de outubro, Secretaria Municipal do Trânsito, Grupo “Mova-se”, Fórum de Luta contra os Agrotóxicos, Articulação Nacional de Agroecologia, Café Quitada e Diocese de Rondonópolis-Guiratinga.
O objetivo da romaria foi: No contexto ecológico do Sínodo da Amazônia, conscientizar de maneira orante e celebrativa para um assumir corresponsável da preservação dos três biomas no Mato Grosso: Cerrado, Pantanal e Floresta Amazônica. E ainda: conscientizar sobre problemas, como, desmatamento, venenos, queimadas, apropriação de bens naturais e de terras públicas, falta de reciclagem e abandono de lixo em lugares impróprios, derrubada da mata ciliar, assoreamento dos rios e nascentes, desperdício de água, entre outros.
Os romeiros se reuniram na comunidade Nossa Senhora das Graças onde houve um gostoso café partilhado e na sequência uma bonita celebração orientada pelo Frei Wagner – OFM, sendo abrilhantada com uma coreografia apresentada por crianças vestidas de abelhas, encenando a urgência do cuidado para com a nossa Casa Comum.
Seguiu-se com uma caminhada de 3 km debaixo de um sol escaldante e clima seco, no limite da suportabilidade, tendo como meta as margens do Rio Vermelho. No percurso, uma equipe animou a romaria com falas orantes descrevendo os nossos riquíssimos biomas Cerrado, Pantanal e Amazônico e conscientizando sobre a urgente necessidade de preservação, intermeando com belos cantos de louvor e agradecimento ao Pai-Mãe Criador.
Na metade do caminho fez-se uma parada na qual algumas pessoas deram depoimento sobre edificantes iniciativas em defesa da nossa Casa Comum, como: cooperativa de coleta de material reciclável; COOPERO – Cooperativa de reciclagem e reaproveitamento de óleo de cozinha para sabão e doação a entidades beneficentes; Projeto de conscientização sobre reciclagem em uma Escola Municipal; Grupo de Yoga “Mova-se” que assume a limpeza em bairros e do rio Arareau; Projeto CSA – Comunidade que Sustenta a Agricultura; Grupo Voluntário de Recuperação de Nascentes, que já recuperou 62 nascentes no cerrado do município de Rondonópolis.
Chegando ao acampamento 13 de Outubro, houve o plantio de 50 mudas de árvores, cujas covas já foram previamente abertas. Foi lindo ver as pessoas, mesmo crianças, a plantar uma árvore e preocupadas com quem as vai regar.
A Romaria seguiu depois até ás margens do Rio Vermelho, cheio de ilhas, porque sua água está bastante reduzida, seguindo seu curso, a “gritar por socorro”. Um pescador veio com seu barco e nele Frei Wagner trazendo a imagem de São Francisco, nosso patrono da ecologia, para nos dizer: “Salvem e cuidem de nossa mãe Terra, de nossa irmã Água e de todos os seres vivos, pois formamos uma grande comunidade de Vida”!
A seguir, todos retornaram para a sede do acampamento 13 de outubro, tendo a surpresa da presença do prefeito municipal, Sr. José Carlos Junqueira de Araújo. Aí, conforme foi programado, houve falas conscientizadoras: Cidinha Moura de Cáceres - MT, da FASE – Federação de Órgãos para Assistência Social, que há anos trabalha em defesa do Cerrado, falou da importância desse nosso bioma não só para o MT, mas para o planeta. Leonel Wohkfahrt que também trabalha na FASE e se soma com mais de 100 países num projeto de conscientização, falou sobre os males dos agrotóxicos. Destaco apenas este dado, para avaliarmos a gravidade do problema: O uso de agrotóxicos no Brasil inteiro dá uma média de 7,2 litros por pessoa, mas no MT a média é de 64 litros e em Rondonópolis é o dobro. A prova disto é o grande número de casos de câncer em nossa cidade.
A seguir fez-se a fila do povo, que entre outros assuntos tratou-se das nascentes que nascem em nossa região e formam as grandes bacias: Amazônica, Pantaneira, Platina, São Francisco e Araguaia–Tocantins. Como a região é campeã do agronegócio o é também dos “defensivos agrícolas”. Assim o veneno vai infestando o aquífero Guarani e todos os rios que formam as grandes bacias do país. Daí a urgente necessidade de assumirmos a agricultura orgânica. Outras falas trataram da defesa dos povos indígenas; da Permacultura ou agricultura Sintrópica; da produção de farinhas medicinais produzidas com frutos do cerrado, etc. etc.
O prefeito de Rondonópolis colocou-se à disposição para fazer uma reunião com os secretários municipais e representantes de organizações para elaborar um plano de ações em Defesa do Meio Ambiente. A CPT assumiu esta articulação.
Um sorteio de muitos prêmios oferecidos por agricultores e parceiros da romaria animou o final da manhã, seguida de um gostoso almoço oferecido pela CPT e preparado pelas prendadas cozinheiras do assentamento 13 de Outubro.
Após o almoço, a coordenação das falas despediu a todos expressando um profundo agradecimento a Deus e a tantas organizações e pessoas que se colocaram à disposição para a realização da romaria. Durante o retorno para nossas casas, tivemos a grande alegria de ver a chuva caindo pela primeira vez depois de 5 meses, com a promessa de voltar com mais frequência.
A Deus Criador nosso louvor e agradecimento, por tudo o que de bom aconteceu!
Comentários
Em meio a tanto fogo nos meses de agosto e setembro, tanto veneno, acelerado desmatamento, escassez de água nas cidades, baixíssima umidade do ar...um clamor se sobressai! Um grupo se dedica a ouvi-lo atentamente por todos os outros que não ouvem, que não agem e que talvez nem se incomodem de ver a morte do planeta!
Irmãos e Irmãs, muito obrigada mesmo por este gesto pela vida! Deus os proteja e os fortaleça nesta missão de resistir e esperançar. Viva o cerrado! Viva o Sínodo pela Amazônia! Viva os que persistem na luta pelo bem comum!
" Onde a Ruah se derrama, coisas imprevisíveis acontecem... "..
Obrigada Ir. Anita pelo artigo.