A experiência vivenciada nesses tempos de covid-19, tem nos possibilitado mudar nosso jeito de olhar, de pensar e até de acreditar... tem sido tempo de compartilhar sentimentos, medos, sonhos e esperanças. Somos convidadas a entrar em casa e a “estar” em casa, conosco mesmas, em comunhão com o planeta e toda a família humana. Nessa dinâmica, esse tempo de isolamento, de sofrimento, torna-se tempo de mudança, de ressignificar a vida... saber calar, silenciar, mesmo sem muito entender. Tempo de contemplar a vida...
Nós Irmãs, amparadas aqui nesta tenda de Laurentino, em momentos sagrados de partilha, oração, reflexão, estudos, exercícios e alegres conversas na roda do chimarrão, temos rememorizado nossa história pessoal, a caminhada da congregação e de muitas irmãs que nos precederam. Quantas alegrias e quantas lutas!
Hoje, de maneira especial, focamos o olhar em nossa inesquecível Irmã Liduína Venturi, da qual fazemos memória no dia 28 de maio.
Algumas de nós tivemos o privilégio de conviver com ela. Destacamos algumas qualidades e “jeito de ser” de Liduína: a “mulher de oração”.
Irma Liduína: Eita mulher forte, humilde, generosa, sensível, atenta, a ponto de dizer à sua coirmã que fosse ajudar e fazer companhia ao senhor e às crianças, porque sua esposa e mãe, havia falecido.
Tinha jeito de mãe, dedicada e compassiva, atenta às necessidades do povo, das famílias, crianças e dos sinais dos tempos.
Uma mulher transparente e serena, simples, sem muitos estudos. Mas também não tinha a vaidade de os ter, como nos relata Irmã Augusta Neotti. O sorriso e a transparência da Irmã Liduína marcaram todas as pessoas que tiveram a graça de conhecê-la; tinha o dom da escuta, do aconselhamento. As irmãs e as comunidades que tiveram a graça de conviver com ela testemunharam a grande companheira que sempre foi, o espírito de oração e especialmente um profundo amor pela Eucaristia. Uma verdadeira Irmã Catequista Franciscana. Uma benção de Deus.
As atitudes de Irmã Liduína vêm nos iluminar neste momento de reflexão e alimentar nossa esperança de que o mundo baseado nos valores humanos e de vida florescerá.
Invocação à Liduína
Vem Liduína!
Vem Mulher educadora! Vem neste tempo de paragem
E nos ensina como ensinavas os teus pequenos
Com paciência persistente!
Ensina de novo tuas lições silenciosas
Feitas com a pedagogia de teus sorrisos e vivências cotidianas.
Vem Mulher caminhante!
Como a terceira da Trindade,
Sopra tua itinerância que precisamos tanto, mesmo paradas!
Ensina que em caminhos esburacados, pedregosos,
Onde nem sempre se vê horizontes, é possível caminhar.
Ensina que se não der de “carroça”, pode-se ir a pés;
Se não for de “tamancos”, que seja descalço,
Mas que caminhemos abertas ao novo que o caminho exige!
Vem Mulher das montanhas, feita Isabel!
Visita a tua e nossa família, como tantas visitaste.
Leva-nos de volta à igreja doméstica,
De famílias, de CEBs que buscam na simplicidade do encontro,
Na escuta da palavra e na partilha de vida
A vivência radical do Evangelho.
Vem mulher do silêncio profético!
Ensina-nos com teu olhar contemplativo
A tua reverência franciscana diante dos campos férteis e floridos,
Da Terra machucada e seus pobres feridos
Vem Mulher do anonimato!
Vem discreta, como discreta foste
No jubileu de ouro da congregação.
Traz de volta a alegria sóbria e sororal
De quem não precisa ser enaltecida para sorrir,
Nem de muitas coisas para bem viver.
Vem, aponta dentre nós, a luminosidade de irmãs despercebidas
Que, como tu, sem alarde, tecem caminhos,
Reconstroem relações e fortalecem a irmandade.
Vem Mulher conselheira!
Aprimora nossa escuta, nossa empatia, nossa gentileza.
Ensina-nos tua proximidade, tua sensibilidade, para que inspiremos confiança
A quem precisar ser ouvido/a, de uma palavra, de um discernimento.
Vem Liduína, Mulher Eucarística!
Arranca de nós o vírus do medo e da comodidade,
Fortalece nossa comunhão no projeto comum de reorganização
Mas não nos deixe perder o essencial:
Tornar-se pão para os pequeninos!
Observação: Todas as qualidades ressaltadas no poema estão bem explícitas no Livro “Liduína: Mulher de Sorriso Evangelizador”, de irmã Augusta Neotti. Agradeço a irmã Emma Wilimmam que leu comigo o livro para que eu pudesse compor esta prece. Agradeço também à autora e aos que direta ou indiretamente a ajudaram. Nossa sororidade leva o nome de Liduína. Já a admirava, mas agora me encantei ainda mais com ela.
Irmã Carmelita Zanella
Comentários
Eu a conheci pessoalmente e convivi com ela um ano. Além de ser prima irmã de minha. Confirmo que Liduina era humilde, sincera e de muita oração. uma boa catequista. Mesmo quando o frei quis assistir a catequese dela por causa de sua fama, ela ficou tímida e humilde e disse: "um padre assistir a minha catequese e humildemente aceitou".
Sim, gostei de ler e conhecer um pouco mais, a vida desta nossa irmã, simples e amável.Mulher forte!
Com carinho.