“Jesus Cristo fez-se pobre por vós”
(cf. 2 Cor 8, 9).
Dia 13 de novembro próximo, celebramos o VI Dia Mundial dos Pobres! Em sua mensagem para este dia, o Papa Francisco, nos apresenta como inspiração para refletir e iluminar nossa ação, o texto bíblico: “Jesus Cristo fez-se pobre por vós” (cf. 2Cor 8,9).
A intenção do convite, tomado do apóstolo Paulo, é manter o olhar fixo em Jesus que, “sendo rico, se fez pobre por vós, para vos enriquecer com a sua pobreza”. O tema escolhido pela Igreja do Brasil para animar esta VI Jornada é: “Dai-lhes vós mesmos de comer!”, em sintonia com a Campanha da Fraternidade/2023, que traz o tema “Fraternidade e fome”, e o lema “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16).
Em junho deste ano, a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), revelou que 33,1 milhões de pessoas, no Brasil não têm o que comer. Isso significa que 15,5% da população brasileira passa fome. Ainda, seis em cada dez famílias estão em situação de insegurança alimentar, o que significa que não têm acesso pleno e permanente à alimentação: em alguns casos fazem uma refeição por dia, em outros, passam dias sem comer.
Em sua mensagem para este ano, o Papa Francisco, lembra que há uma pobreza que mata. Ela é produzida por estruturas injustas de uma economia depredatória, especulativa e desumana, em que se transforma alimento em mercadoria destinada a trazer lucro para uma minoria, enquanto aumenta a desigualdade social. Há outra dimensão da pobreza que edifica e se mostra num jeito de SER ao estar com os pobres, como irmãs/irmãos dos pobres, estabelecendo relações de irmandade que forjam caminhos de encontro com o Cristo Pobre.
Não se trata de desenvolver uma prática assistencialista, ainda que, em determinadas ocasiões, não se descartem as ações emergenciais, para suprir as necessidades básicas. Trata-se, antes, da atenção sincera e generosa, ao reconhecer o pobre como sujeito, como aquele que é ponte, mão estendida que nos resgata do torpor e da indiferença, contrárias ao Evangelho.
A mensagem do Papa traz uma importante reflexão a partir da Exortação Apostólica Evangelli Gaudium, que diz: “ninguém pode sentir-se exonerado da preocupação pelos pobres e pela justiça social, pois o sentido evangélico dos pobres e da pobreza são exigidos a todos” (EG 201). Ninguém pode justificar viver distante dos pobres por suas atividades profissionais sejam no âmbito acadêmico, seja no empresarial ou profissional e até mesmo eclesial. Ninguém é dispensado da preocupação pelos pobres e pela justiça social. Urge encontrar novos caminhos que promovam políticas sociais com os pobres e não para os pobres. (Fratelli Tutti, 169).
Na realidade, os pobres, antes de ser objeto da nossa esmola, são sujeitos que ajudam a libertar-nos das armadilhas do individualismo, dos excessos de uma sociedade consumista devolvendo-nos o significado mais profunda da nossa entrega, que é servir na gratuidade.
A pobreza de Cristo torna-nos ricos. Ele se fez pobre por nós, o que ilumina e transforma nossa própria vida, e lhe dá um valor que o mundo não conhece nem pode dar. Por amor, despojou-se a Si mesmo e assumiu a condição humana. Por amor, se fez servo obediente, até à morte e morte de cruz (cf. Flp 2, 6-8).
Se quisermos que a vida vença a morte e que a dignidade seja resgatada da injustiça, o caminho a seguir é o da pobreza de Jesus Cristo, partilhando a vida por amor, repartindo o pão da própria existência com os irmãos e irmãs, a começar pelos mais vulneráveis, para que os pobres sejam libertados da miséria e os ricos da ganância e do poder.
Nunca deixemos de ser, em tudo, pobres e irmãs e irmãos dos pobres, como Jesus. E, como Ele, amemos os pobres e acerquemo-nos a eles, como também o fez nosso Pai-Irmão São Francisco de Assis, deixando-nos com regra de vida: “Todos os irmãos se esforcem por seguir a humildade e a pobreza de Nosso Senhor Jesus Cristo... E devem alegrar-se, quando conviverem entre as pessoas insignificantes e desprezadas, entre os pobres, fracos, enfermos, leprosos e os que mendigam pela rua” (RnB 9,1a-2). Ser irmã/irmão dos pobres é um estilo concreto de vida, a maneira mais profunda de viver as Bem-Aventuranças e um espelho para a humanidade, para trilhar o caminho do Bem Viver.
Leia abaixo a mensagem do Papa Francisco pelo VI Dia Mundial dos Pobres
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