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13 Junho 2023
Já Não Há Volta Atrás...

 

...“vovô”, é necessário deixar algo escrito sobre

o reconhecimento do ministério da mulher na Igreja’ 

As mulheres na Amazônia, prestam um serviço diaconal à Igreja presente no imenso território amazônico. No dia primeiro de junho de 2023, três mulheres, Yesica Patiachi - Peru, Patrícia Gualinda - Equador e Irmã Laura Vicuña - Brasil, vice presidentas da Rede Eclesial Pan Amazônica e Conferência Eclesial da Amazônia. Foram recebidas em audiência histórica pelo Papa Francisco, para refletir em comunhão e unidade, o reconhecimento do ministério da mulher na Igreja da Amazônia e o serviço diaconal que prestam nas inúmeras comunidades, distantes dos grandes centros e nas periferias das grandes cidades.

A audiência teve uma duração de quarenta e cinco minutos, onde foi abordado o ministério da mulher na Igreja da Amazônia, desde uma necessidade socioambiental, socioeducacional e sóciopastoral.

A Amazônia vive uma realidade do avanço da economia de destruição e com este chamado desenvolvimento, destrói a fauna, a flora, a biodiversidade e a sociodiversidade presente neste rico bioma e ao mesmo tempo muito frágil e complexo.

O avanço da extração mineral, madeireiras e de grandes empreendimentos colocam em risco a integridade física, cultural e territorial dos povos originários e amazônicos, que habitam este território milenarmente e sobretudo, os povos que vivem em situação de isolamento e risco de extinção, os povos livres.

Não deixamos de abordar a grande problemática que vive o Brasil, com a crescente violência contra os povos originários e a violação de direitos, com a aprovação do Projeto de lei 490, pela Câmara dos deputados federal e que é uma grande ameaça aos direitos garantidos constitucionalmente. Foi solicitado ao “vovô” Francisco uma palavra ao governo brasileiro e ao Supremo Tribunal Federal, em favor dos povos originários e contra o Marco temporal, que tramita no congresso nacional e aguarda julgamento no Supremo Tribunal Federal.

Na necessidade socioeducacional, foi apresentado que na Amazônia são mais 490 povos originários, 140 povos que vivem em situação de isolamento e risco de extinção, inúmeras comunidades tradicionais e periferias urbanas, mais 300 línguas, que vivem sob ameaça, devido a falta de uma educação intercultural e bilingue. Esta imensa riqueza sociocultural, promove a vida e o cuidado da nossa casa comum.

Desde a perspectiva sociopastoral, inúmeras comunidades, pastorais e organismo eclesiais são dinamizados por mulheres e homens que vivem uma fé genuinamente no anuncio da boa notícia do evangelho e na denúncia de estruturas de morte que impedem a pessoas viverem de forma plena e com dignidade.

No diálogo que fizemos com o “vovô” Francisco, apresentamos a necessidade de que a Igreja faça um reconhecimento institucional do serviço diaconal que as mulheres prestam a Igreja na Amazônia, serviço diaconal este, que é saída as periferias, sendo igreja em Saida, Samaritana e Madalena, no anuncio do evangelho e na defesa da vida, dos direitos e da terra.

O “vovô” Francisco, apresentou a sua preocupação com relação a clericalização presente na Igreja, a partir dos ministros ordenados e posturas clericais de leigos e leigas, que assumem diversos ministérios na Igreja. Nos perguntou ‘quem vem primeiro Maria ou Pedro’, para nos dizer que a Igreja é mulher e mãe, que não podemos perder a dimensão feminina e maternal das mulheres, esta é a grande contribuição do ministério da mulher na Igreja.

No diálogo que tivemos com o “vovô” Francisco falamos das diversas experiências que já acontecem na Igreja da Amazônia, de mulheres que assumem ministérios na dinamização da fé, de catequistas, de acolhida aos migrantes, na defesa da vida, dos direitos e da terra e tantos outros, é esse reconhecimento institucional que precisamos ter na Igreja, porque muitos pontos de tensionamentos e de rupturas, poderiam ser evitados, se houver este reconhecimento institucional. Infelizmente se temos um bispo, padre, que reconhece e valoriza o serviço da mulher na Igreja, temos um bonito caminho, mas ao contrário, tensionamentos e invisibilidade do serviço diaconal das mulheres na Igreja.

Falamos ao “vovô” Francisco que não queremos a ordenação sacerdotal, entendemos que existe diversos ministérios e vocações e cada um assume de acordo com a vocação e o carisma que o Espírito oferece à Igreja.

Necessitamos sim, este reconhecimento institucional, pois para os povos originários a Palavra é Sagrada e no mundo não indígena, o que vale é a escrita, como expressou Yesica Patiachi: “vovô é necessário deixar algo escrito sobre o reconhecimento do ministério da mulher na Igreja’.

Somos conscientes das mudanças que vem ocorrendo na Igreja e o “vovô” Francisco, traz este novo sopro do Espírito e este ar de primavera a Igreja, mas necessitamos avançar para águas mais profundas.

No diálogo sereno e respeitoso, saímos muito contentes, pois o “vovô” Francisco nos disse ‘que para as mudanças que vem ocorrendo na Igreja, já não existe volta atrás’. Precisamos unir forças e nos deixar guiar pelo sopro do Espírito, para sermos Igreja em Saída às periferias, Igreja Serva, Samaritana, Mariana e Madalena, indo ao encontro dos mais pobres, para de fato, termos uma igreja com rosto amazônico, com novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral.

Oito dicastérios foram visitados e apresentamos a cada dicastérios a missão da Conferência Eclesial da Amazônia, como fruto concreto do Sínodo da Amazônia e reconhecimento jurídico e canônico pela Santa Sé e pela Igreja e da Rede Eclesial Pan Amazônico, com organismo complementário na ação evangelizadora da Igreja na Amazônia, na busca de novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral.

Este foi sem dúvida, um momento histórico para a Igreja da Amazônia e para a Igreja universal que busca fazer caminhos de conversão sinodal, pastoral, eclesial, cultural, ecológica e social e assim, ser fiel a tradição fundamentada nas primeiras comunidades, no Seguimento de Jesus Cristo, no Vaticano II e no Magistério que nos oferece o Papa Francisco e seus antecessores. A todas as irmãs que nos acompanharam com orações, nosso imenso agradecimento.

Informações adicionais

  • Fonte da Notícia: Irmã Laura Vicuña

Comentários  

#1 Maria de Jesus Moraes 19-06-2023 14:02
Irmã Laura e companheiras, adorei o tratamento "Vovô" Francisco e achei o conteúdo deste relatório tão rico e pé no chão, que por mim, se fosse possível ele não ficaria apenas nos comunicados internos, mas ganharia o mundo, a fim de que servisse de leitura e reflexão tanto às mulheres quanto aos homens, particularmente os que rechaçam a missão feminina. Parabéns a todas e muita força para continuar sendo Luz e Fermento nessa massa descompassada

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