"É como a chuva
que lava,
é como o fogo
que abrasa..."
Neste mês de setembro continuamos tecendo o chão do Carisma, trazendo presente a dimensão do profetismo: "Seguir Jesus Cristo, assumindo sua vida e missão profética" como Irmãs e como leigos e leigas franciscanos e franciscanas, é nossa missão!
Primeiramente, tratar do desafio do profetismo em nossa vida exige sempre modéstia e coerência! Isso porque ninguém nasce sendo profetisa ou profeta, mas assume esta vocação através de um aprendizado trabalhoso feito em meio a sofrimentos, decepções e perseverança. Neste sentido, precisamos sempre pedir ajuda à Divina Luz que nos ilumine e infunda coragem! É como a chuva que lava, é como o fogo que abrasa! Tenho medo de não responder...”
Na Bíblia não encontramos ninguém que tenha atribuído a si essa vocação. O profeta, luta e reluta ante o chamado que Javé lhe faz, até acolher a missão profética. Nenhuma instituição é autenticamente profética.
Tratar da dimensão profética é chegar a tocar vivamente as consequências do Seguimento de Jesus Cristo! Uma das mensagens proféticas da missão de Jesus que mais incomodou as pessoas foi que Ele veio proclamar um “Ano de Graça” para libertar os pobres, os oprimidos (cf. Lc. 4,18). Na perspectiva francisclariana, a dimensão profética do Seguimento implica ter diante de si, Jesus Cristo encarnado e crucificado como espelho, o caminho percorrido por Clara e Francisco e a vida das primeiras Irmãs, como referência motivadora!
“O Senhor me deu irmãos! ”(Test 14). Na proposta de Jesus, diferente de outros mestres, o discipulado é essencialmente uma experiência comunitária. A proposta de Francisco e Clara é de viver a fraternidade, é ser irmão, ser irmã. Desde o início encontramos pessoas leigas, casadas, que desejam viver esta proposta. Francisco vê os irmãos como “dom” de Deus. Ele nunca havia pensado em reunir ao redor de si um grupo de seguidores... O jovem de Assis aprende a ser irmão e valorizar a vida e as pessoas convivendo com os leprosos, fazendo-lhes companhia.
A vivência da dinâmica fraterna ajuda a desmanchar a trama da competição liberal egoísta, competitiva, consumista, constituindo-se testemunho profético. Com especial enfoque, hoje somos convidadas a caminhar na sinodalidade: escutar juntos e juntas; ver e ouvir, olhar e discernir em grupo, em comunidade!
Ser irmão menor e não cavaleiro: uma virada profética! A profecia de Francisco e Clara consiste, primordialmente, em abraçar e assemelhar-se o Cristo pobre e simples: olhe, considere e comtemple! Olhe dentro deste espelho todos os dias! Ambos testemunharam uma profecia fundada na pequenez, no jeito de viver a ampla irmandade e na liberdade de relativizar sonhos e propostas.... Ser irmão menor e não cavaleiro, eis a virada profética! Este itinerário foi sinalizando um caminho novo na Igreja e na sociedade!
Permanecer sempre: “Piccolino frate Francesco!” Sim, permanecer sempre, o pequenino irmão Francisco! A espiritualidade profética de Francisco e Clara é caracterizada pela minoridade! Contemplando cuidadosamente a caminhada da Congregação, vemos o profetismo das primeiras Irmãs no jeito de viver sendo ‘moradoras do lugar’! Encontramos nas inúmeras pegadas que ficaram nos caminhos estreitos percorreram e nas pequenas ações, o selo anônimo, modesto e quase invisível da profecia ‘do pequeno’, uma colcha de ‘pequenas profecias!’ Em lugares pequenos, sem nenhuma pretensão, com leveza e liberdade de coração, Amábile, Maria e Liduína conseguiram afundar os pés no cotidiano muito simples dos agricultores, chegando a trabalhar com eles nas roças.
Com alegria assumiram viver em casas muito simples e isoladas. Na insegurança, expostas às mesmas doenças do povo, buscavam como ele o sustento cotidiano e nas doenças, curavam-se com a mesma medicina. Para poder servir melhor, aprenderam outras línguas. Foi grande o esforço pessoal assumido pelo amor a Jesus Cristo a quem se dispuseram seguir vivendo a profecia calcada na simplicidade e na generosidade!
Somada a esta profecia cotidiana, as Irmãs foram assumindo serviços pastorais aonde se fazia necessário. Sem muita demora, outras profecias, foram pedindo um grau maior de profissionalização, para atender realidades específicas como os povos originários, as multidões de pessoas excluídas que vivem nas periferias do grande urbano, atenção à saúde integral, aos direitos, o cuidado da natureza e outros tantos apelos...
Em tempos de subjetividade superdimensionada, praticar a atenção, a sensibilidade, é profético. Como Irmãs e como Simpatizantes somos convidados e convidadas a percorrer este caminho! Que bom se, através do aprendizado mútuo, conseguirmos crescer na capacidade de dialogar com todas as criaturas, como nos ensina e propõe o caminho da vida francisclariana!
Importa descobrir e experienciar, hoje um Deus sinodal que, desde o Egito, caminha junto, acompanha o povo em suas angústias e calvários, um Deus que se faz pequeno e desce para se encontrar com as pessoas e as culturas diferentes!
Somos interpelados a praticar a sinodalidade andando e partilhando a vida e os bens com o povo simples e pobre. Francisco aprendeu a ser irmão menor junto com os leprosos!
Em nossos grupos e comunidades, somos chamadas a vivenciar rituais de vida no meio da morte e dos escombros e não poucas vezes, acompanhar cortejos sofridos! Somar com os movimentos de busca e de resistência em defesa da vida, faz parte de nossa missão profética.
Por fim, recolhemos o testemunho profético de Irmã Cléglia Anesi, nas terras do Maranhão, por ocasião do acidente que lhe tirou a vida, ocorrido no dia 18 de setembro de 1966 numa viagem missionária “Dou minha vida pelo povo do Maranhão! ”
Irmã Cléglia continua nos inspirando no caminho da missão profética: “Tua Palavra é assim, não passa por mim sem deixar um sinal! ”
Comentários
Obrigada Teresa, por colocar seus dons a serviço do grande grupo - a CICAF.
Abraço
Rita
Grande abraço. Saudade!