Queridas Irmãs Catequistas Franciscanas, paz e bem!
Nós, Veronique, Marlene Puri, Juciele, Alice e Luana, irmãs junioristas, vivenciamos o segundo momento do tempo de preparação para a Consagração Definitiva. Nos reunimos de forma online, juntamente com as irmãs Gabriela Noj Nij, Marlene Chiudini e Marlene dos Santos. Paramos para ver, rezar, aprofundar sobre as Urgências Socioambientais, Justiça Socioambiental e o Modo Francisclariano de Viver, com a assessoria da Moema Miranda. Nesta carta, queremos expressar a vocês quão importante foi para nós estes dias.
Foram quatro dias intensos! Iniciamos dia no 30 de maio e concluímos dia no 02 de junho. Contemplamos nossas vidas, partindo da nossa origem, pois no primeiro dia construímos nossa autobiografia ecológica. Quantas riquezas, belezas compartilhadas desde o lugar sagrado de que saímos! Percebemos quanto é necessário valorizar o essencial da vida. É irmãs, sempre precisamos nos perguntar: o que, realmente, é essencial?
Neste caminho, fomos nos dando conta de como nossas histórias se conectavam, complementavam, não se aprisionavam nas fronteiras geográficas, genealógicas e culturais. Essa experiência nos instigou a enfrentar os desafios para a construção da Irmandade Universal, ressignificando as relações interculturais, acolhendo as diversidades que somos em nossas irmandades e com o povo em que cada uma está, seja no Brasil, Angola ou Guatemala.
Cada dia foi vivenciado por uma perspectiva que ia se conectando nesta teia que somos. Partimos do “maravilhamento” pela história do nosso planeta, que é um organismo vivo e segue se transformando ao longo dos anos; pela existência de cada ser e por perceber-nos uma pequena parte da imensa natureza. Sabe irmãs, “não existe fora, tudo está interligado, o que vai “fora” volta para nós neste ciclo, na natureza, nada existe sozinho”. No dia seguinte, contemplamos toda essa maravilha em colapso...
O Planeta Terra está em colapso e é urgente que os seres humanos reaprendam a agir-sentir-pensar com a Terra! O modelo de desenvolvimento adotado nas últimas décadas está levando o Planeta ao seu limite. Entramos na era do antropoceno: os humanos se tornam um fator geológico, interferindo na composição atmosférica, gerando aquecimento global, alterando o curso dos grandes rios e causando extinção em massa de outras espécies, com perda de biodiversidade, gerando crise hídrica, poluição atmosférica... e sabemos que, nós humanos, não temos um plano B, ou seja, outro planeta onde possamos viver. Além disso, a desigualdade social é cada vez mais gritante: enquanto 1% detém 50% da riqueza, outros 80% detém apenas 1% da riqueza do mundo. Por isso, a única alternativa é somar forças na luta contra todo tipo de desmatamento, de destruição da vida, de exploração, indo contra o capitalismo, desconstruindo o colonialismo e cuidando da vida que geme em dores.
Mas, Irmãs, diante de tudo isso, ainda podemos Esperançar! Temos guias a seguir, desde as três bússolas que o Papa Francisco nos oferece: as Encíclicas Laudato Si e Fratelli Tutti e a exortação Laudate Deum. A profecia do Papa Francisco e a sabedoria, o modo de ser dos Povos Originários, que nos ensinam, através de sua cosmovisão, de sua cosmogonia, de sua cosmopercepção, a cosmopensar, a cosmosentir... Vamos, juntas, avançar na vivência da área sociambiental, que já assumimos como prioritária em nossa atuação missionária!
Somos mulheres ousadas e corajosas, capazes de fazer a diferença! Precisamos tecer relações integradoras entre nós, com a natureza, convivermos de forma horizontal, seguindo o exemplo de Francisco e Clara de Assis, atentas no falar, escutar e que tudo possa passar pelo nosso coração assim como fez Maria de Nazaré.
Por fim, irmãs, reafirmamos nosso SIM para continuarmos com os olhos fixos em Jesus de Nazaré, seguindo-O de forma corresponsável no cuidado com a Casa Comum, vivendo a Esperança: “sem parar de voar como beija-flor, sem deixar cair a ternura”. Agradecemos as nossas irmandades, as irmãs que nos acompanham neste tempo de preparação e a querida Moema Miranda que, de forma serena, humilde e aconchegante, trilhou conosco este caminho, acolhendo nossas inquietações e provocando-nos a sermos Mulheres da Esperança. Gratidão!
A vocês nossas irmãs, Paz e Bem! Ternura e Vigor!
Continuemos avançando com confiança e alegria, “sem perder de vista o nosso ponto de partida, pois até agora pouco ou nada fizemos”.
Irmãs Juciele Aguiar Moura e Luana Oliveira de Souza - pelo grupo.
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