Junho é mês de festa vibrante, de alegria exuberante e colorida em algumas partes do mundo, especialmente no nordeste do Brasil. O santo mais lembrado é, sem dúvida São João, mas aqui, queremos referir-nos sobretudo a São Pedro. Não à sua pessoa propriamente, mas à missão que por três vezes lhe ratificou o Mestre, após tripla declaração de amor: “apascenta minhas ovelhas” (Jo 21,15-17).
Que significa apascentar? A inspiração de Jesus é, sem dúvida o profeta Ezequiel: “... Congregarei dos países, ... em bons pastos as apascentarei, ... se deitarão num bom redil, e pastarão em pastos gordos ... A perdida buscarei, e a desgarrada tornarei a trazer, e a quebrada ligarei, e a enferma fortalecerei; apascentá-las-ei com justiça” (Cf Ez 34,14-16). Tudo o que envolve cuidado com a vida, isto significa apascentar. A todos, a todas nos convoca o dono do rebanho, a Fonte da vida, a cuidar com amor e por causa do Amor. Isto o fizeram Clara e Francisco. Foram pastora, pastor no seu mais profundo sentido.
De Santa Clara testemunham suas irmãs: “A venerável abadessa não cuidava só do bem espiritual das irmãs, também zelava, com imensa caridade, pelo seu bem-estar físico.
Assim, nas noites frias, enquanto as irmãs dormiam, era ela própria que as cobria e, às irmãs incapacitadas de cumprirem todo o rigor da observância, aconselhava a contentarem-se com um regime mais suave.
E, quando alguma se sentia mais perturbada pela tentação, ou era dominada pela tristeza, era ela mesma quem a chamava à parte e, entre lágrimas, a consolava. Muitas vezes prostrava-se aos pés das mais aflitas e tentava aliviar a sua dor com carinhos maternais ...” (LSC 38).
As irmãs também atestam: “... uma vez, estando doentes cinco irmãs do mosteiro, Santa Clara fez sobre elas o sinal da cruz e logo ficaram curadas. E acrescentou ter acontecido muitas vezes que, quando uma das irmãs sofria algum mal na cabeça ou noutra parte do corpo, a bem-aventurada mãe as curava com o sinal da cruz ...” (PC 1,16).
São inúmeros os testemunhos sobre o cuidado amoroso de Francisco com seus irmãos, com os leprosos, como os pobres. Trazemos um testemunho das primeiras Fontes:
“Em Pentecostes reuniam-se todos os irmãos em Santa Maria, discutiam a maneira como podiam observar melhor a Regra, designavam os irmãos que nas diversas províncias pregassem ao povo e colocassem os outros frades em suas províncias.
São Francisco fazia admoestações, repreensões e preceitos, como lhe parecia de acordo com o conselho do Senhor. Mas tudo que lhes dizia por meio de palavras, mostrava-o afetuosa e solicitamente com obras.
Venerava os prelados e sacerdotes da Santa Igreja, honrava também os mais velhos, nobres e ricos, mas amava aos pobres compadecendo-se entranhadamente deles, e a todos mostrava-se submisso.
Admoestava com solicitude os irmãos a observarem cuidadosamente o santo Evangelho e a Regra que haviam prometido observar firmemente, e especialmente que fossem reverentes e devotos no que diz respeito aos ofícios divinos e às ordenações eclesiásticas, ouvindo devotamente a missa e adorando o Corpo do Senhor com toda a devoção (LTC 57,1-5.8).
“Advertia também os irmãos para não julgarem homem algum nem desprezarem os que vivem na moleza e se vestem curiosa e superfluamente: pois Deus é Senhor nosso e deles, e tem o poder de chamá-los a si e torná-los justos.
... E, dizendo estas coisas, acrescentava: “A vida dos irmãos entre os homens deveria ser tal que todo aquele que os visse e os escutasse, glorificasse e devotamente louvasse o Pai celeste”.
Era seu grande desejo que ele e seus irmãos fossem tão abundantes em boas obras, que por elas o Senhor fosse louvado, e dizia-lhes: “Como anunciais a paz com a boca, assim deveis possui-la ainda mais em vossos corações”.
Ninguém seja por vós provocado à ira ou ao escândalo, mas todos, por vossa mansidão, sejam levados à paz, à bondade e à concórdia. Pois é para isto que fomos chamados: para curar os feridos, reanimar os abatidos e trazer de volta os que estão no erro (LTC 58, 1-6).
“Pois alguns se afligiam tão gravemente que reprimiam em si todos os impulsos da carne que um ou outro parecia odiar a si mesmo. O homem de Deus proibia-os, avisando-os bondosamente e repreendendo razoavelmente, mas também vendando suas feridas com os vínculos salutares dos preceitos (LTC 59,2-3).
São Francisco, Santa Clara, São Pedro, nossos pais, nossas irmãs que, com sua vida e sua palavra nos iniciaram nesta missão de apascentar, intercedam por nós para que sejamos fiéis até o fim. Santas e santos que antes de nós apascentaram os cordeiros e as ovelhas do Senhor, intercedam por nós junto ao Bom Pastor, que sejamos pastoras e pastores com “cheiro de ovelha”, com esperança de migrante, com confiança de criança, com sonho de jovem e tranquilidade de ancião, de mulher livre da violência, com força de um povo livre e feliz. Pastoras e pastores com amor ao Pastor, com amor ao rebanho.
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