“Maria, Mãe dos caminhantes 

Ensina-nos a caminhar, 

 Nós somos todas(os) viandantes, 

Mas é preciso sempre andar” 

O tempo caminha numa velocidade supersônica, e já chegamos ao mês de outubro de 2024, mês dedicado a Nossa Senhora Aparecida. Ela está presente na vida do povo brasileiro desde tempos remotos, mantendo acesa, até hoje, a chama da fé que orienta os passos, fortalece o amor e alimenta uma profunda devoção popular.

“Peregrina nas estradas de um mundo desigual,” Nossa Senhora Aparecida sempre olhou para os mais humildes e necessitados de sua proteção materna. Ao longo dos séculos, sua devoção se fortaleceu com os milagres concedidos, como no caso do escravo Zacarias. Fugindo de seu cativeiro, ele foi recapturado e, ao ser levado de volta para seu dono, com o pescoço e os pulsos acorrentados, pediu para rezar diante da imagem de Nossa Senhora Aparecida. Ajoelhado em oração, as correntes que o prendiam se soltaram e caíram por terra, um sinal claro do desejo ardente de liberdade para seus filhos e filhas. Comovido por esse milagre, seu dono lhe concedeu a liberdade.

Nós, Irmãs Catequistas Franciscanas, desde o ano de 1915, temos sido desafiadas a subir as montanhas, a chegar às periferias das "Novas Galileias", imensos aglomerados humanos e ali armar nossa tenda. Tornamo-nos uma com as pessoas que ali vivem, sensíveis aos seus silêncios, suas exclusões e desilusões. Escutamos com paciência seus clamores e gritos de dor. Também nós recorremos a Nossa Senhora Aparecida, invocando seu auxílio e proteção, para que possamos continuar a reanimar suas esperanças.

Agora, estamos vivendo um tempo de “nova travessia”, motivado por vários fatores: o avanço da idade de nossas irmãs, a redução no número de membros, a escassez de vocações... Tudo isso nos levou a perceber a necessidade de nos reorganizarmos. Nessa nova trajetória, as províncias deixarão de existir com suas estruturas de governo, passando a haver apenas a estrutura geral da Congregação. Isso não significa amontoar-nos, mas sim realizar um redimensionamento. Casas, pessoas, serviços internos, finanças, e também os horizontes missionários e vivenciais serão revistos.

Toda nova trilha traz consigo apreensões, incertezas, inquietações e medos. Como povo brasileiro, colocamo-nos sob a proteção de Nossa Senhora Aparecida, para que nos conduza e guie nesta caminhada de unificação de vidas e dons. Queremos continuar a dar passos condizentes com o que acreditamos e buscamos, sendo luz e direção para um mundo marcado pelo ódio, competição e sede de poder. Desejamos ser o combustível da esperança, ajudando a extirpar os males que afligem a sociedade atual, ambição desmedida, mentiras, discriminação, indiferença, armamentismo..., verdadeiros cânceres que corroem a humanidade. Assim, poderemos vislumbrar e construir um mundo novo, livre das correntes de escravidão, e resgatar a força indestrutível da esperança e da vida, em direção à gestação de uma nova humanidade.

Que, a exemplo de Maria Madalena e sob a proteção de Nossa Senhora Aparecida, possamos acolher as incertezas que surgem acerca dos Novos Horizontes neste tempo de travessia, e tenhamos a coragem de “ousar dar novos passos com esperança”, não com medo de errar, mas com a ousadia de acreditar que dará certo, começando por nós mesmas.