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20 Abril 2025
Nossa Irmã, a Mãe Terra

 

“Lembra-te que és terra e à terra retornarás”.

Que tipo de terra devolverás?

 Anualmente, por ocasião do Dia Mundial da Terra, que celebramos no dia 22 de abril, somos motivadas a retomar nosso compromisso de luta em favor da vida do planeta, nossa casa comum. Este ano de 2025 os temas para a comemoração desta data, incluem “a luta contra a poluição plástica, proteção das zonas úmidas, a redução das emissões de gases de efeito estufa e a promoção da economia circular”.

Tendo presente essas preocupações, comecei várias vezes, este escrito, de diferentes jeitos, formas, palavras, conteúdos, gráficos, estatísticas, justificativas, inclusive cientificas, com o intuito de nos provocar acerca do  nosso modo de pensar e agir sobre o tema MAE TERRA. Porém, nenhuma delas me fez superar a imagem que me vem à mente quando o assunto é ecologia/Mãe Terra. Então resolvi dar voz ao meu coração. Porque, como escreve Fe Cortez em seu livro “só o coração consegue nos conectar verdadeiramente com tudo o que há” e compreender tudo e todas as coisas.  

Qual é esta imagem? Na realidade não é imagem, é real. Estava trabalhando numa paróquia da periferia de Goiânia quando chegou uma senhora que aparentava oitenta anos, mas na realidade tinha trinta. Carregava ao colo uma criança de um ano. Com semblante sofrido e olhar muito triste, falou: Irmã, eu não aguento mais. Eu não tenho mais leite para meu filho, ele está sugando o meu sangue. Pois é, trata-se desta cena que me vem quando vejo a terra sendo dilacerada com maquinários pesados. Ela tem que ficar limpa a todo custo. Se preciso for, e sempre é preciso, passar os venenos para matar o capim, a formiga, as pragas etc.....

Sabemos que “estudos científicos mostram uma ligação clara entre o uso desse herbicida e o aumento de casos de doenças graves e crônicas, como câncer, doença de Parkinson e até distúrbios psicológicos, como a depressão. O impacto desse produto na saúde humana não deve ser subestimado, já que as consequências a longo prazo podem ser devastadoras”. Esta ação gera impacto ambiental, pois os venenos que são pulverizado nas lavouras, não permanecem limitado à área onde ocorre a sua aplicação.

E a destruição vai acontecendo, o capim vai sendo visto como praga, quando sua utilidade é proteger, amenizar a queda da água da chuva e leva-la até o lençol freático. As folhas das árvores, são tratadas como sujeira quando poderia ser vista como adubo e proteção da terra para aliviar os raios solares. A utilização de adubo químico para fortalecer a terra para plantar, plantar, plantar...... sem possibilitar a ela um tempo de descanso pois tem que parir, duas ou mais vezes por ano, conforme a espécie que se quer plantar, vem se tornando uma agressão à terra.

Quando a terra aparece desfigurada, anêmica, arenosa, com sinais de pouca energia/vida ouço ela dizendo: “Não aguento mais”. É assim que a terra para mim é aquela senhora dizendo, estão sugando o meu sangue. A mãe terra não foi criada para servir, ser usada desse jeito.

A narrativa bíblica nos diz que, no princípio, ela estava sem forma e vazia. Mas Deus foi dando forma e consistência, acrescentando vários nutrientes: fungos, bactérias, vírus, protozoários, algas..., (cada 1 grama de terra pode conter mais de 1 bilhão de organismos). Deus completou com outras infinidades de vidas: animais, vegetais, minerais… interligando-os, dependentes, interdependentes, um não vive sem o outro. Mas, coube a “Mãe Terra sustentar tudo que existe, todos os seres e toda a criação, em diferentes cores, saberes, texturas, cheiros e formatos, conforme mostra sua grandeza por meio das diferentes estações”.

Vale a pena nos perguntarmos: o que a humanidade fez e continua fazendo com a mãe terra? Quando o ser humano resolve assumir, por conta própria o comando do mundo e do futuro, sem o Criador, começa a degradação da vida. Muito da inteligência e criatividade  humana é utilizada para destruir o que “Deus criou e viu que era muito bom”. Por conta desse rompimento, nós humanos perdemos a comunicação com a criação, e com isto desarmonizamos o universo. Mas Deus e a natureza não desistem de nós e sempre nos enviam sinais de alerta.  Somando com a natureza muitas pessoas sensíveis a exemple de alguns santos, já chamavam a atenção sobre o cuidado que devemos ter para com a criação:

Santo Agostinho (354-430).  Pra ele “o ideal seria ver a natureza como Deus a vê sentindo profundamente sua beleza e sua impermanência, amando a natureza sem se apegar a ela”(5).

São Francisco Neri, (1515 – 1595) absteve-se de comer carne para o bem dos animais. Respeitava até a vida das moscas e ratos deixando-os fugir.

São Francisco de Assis, vivendo no período onde o comércio, a indústria começam a despontar, Francisco se torna a voz da natureza, especialmente da mãe terra,  enaltecendo sua grandeza e valor: “Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a mãe terra, que nos sustenta e governa, e produz variados frutos, com flores coloridas, e verduras”.

Atualmente o Papa Francisco, entre outros, que intuem como Marcelo Gleiser relata em seu livro “A terra não pertence às pessoas, as pessoas pertencem a terra”.

Nós Irmãs Catequistas Franciscanas, pela força do nosso carisma e espiritualidade Francisclariana temos em nosso DNA congregacional, em nosso olhar, sentido e razão de missão, o cuidado e defesa da vida em todas as suas formas de existência. No Capitulo Geral de outubro de 2024 assumimos juntamente com outros clamores, a Mãe Terra como uma das interlocutoras de nossa missão.Emprestar nossa voz à MÃE TERRA que clama por respeito, paz, justiça e cuidado no mundo de hoje dominado por correntes ideológicas contrárias à vida, é um desafio na realização de nossa missão.

O Papa Francisco compreendeu tão bem o que significa isto que escreveu em sua encíclica “Toda a pretensão de cuidar e melhorar o mundo requer mudanças profundas “nos estilos de vida, nos modelos de produção e de consumo, nas estruturas consolidadas de poder, que hoje regem as sociedades”.

Escutar e assumir o clamor da Mãe Terra, requer de nós a certeza de que o Criador está nos confiando uma missão e para isto também se faz necessário intensificar nosso compromisso com ações como:

  • Continuar alimentando nossa espiritualidade Francisclariana no cuidado com a criação.
  • Colocar em prática o que sabemos sobre o cuidado com a criação em nossos espaços: casa, jardim, horta, chácara...
  • Continuar cuidando da minha casa (meu corpo). Lembra-te que és terra e à terra retornarás”. Que tipo de terra devolverás?
  • Continuar buscando alternativas referente ao uso da Terra, assumindo a agricultura sintrópica.
  • Somar com pessoas e grupos que possuem o mesmo objetivo.

Se cada dia fizermos um pouco, conforme nossas possibilidades, com certeza a Mãe Terra não estará mais desnutrida, e nós não estaremos mais sugando seu sangue, mas somando para que ela se torne mais forte, vigorosa, emanando vida abundante. Estaremos com o coração e a alma agradecida por estarmos concretizando o sonho do Criador.

E em uníssono podemos somar com toda a Vida criada para cantar: Louvado sejas meu Senhor, pela nossa irmã, a mãe terra, que nos sustenta e governa, e produz variados frutos, com flores coloridas, e verduras”.

Que São Francisco nos ajude a sermos guardiãs da criação.

Veja no anexo, bibliografia sobre o tema.

Informações adicionais

  • Fonte da Notícia: Irmã Marilde Zonta

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