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02 Outubro 2025
Francisco de Assis nos Marca Caminhos

 

 

“Altíssimo, glorioso Deus, 

iluminai as trevas do meu coração, 

dai-me uma  fé reta,

uma esperança certa 

e caridade perfeita,

sensibilidade e conhecimento,  

ó Senhor,

a fim de que eu cumpra

o vosso santo e veraz mandamento”.

 

Nesta oração que Francisco fez diante do crucifixo, não nos deu uma espiritualidade, mas uma experiência de Deus. A espiritualidade foi deixada pelos seus seguidores, porque ela é   caminho a ser feito. Francisco também fez caminho e chegou a abraçar o leproso. Cada frase desta oração é um caminho que Francisco abre para nós.

“Altíssimo, glorioso Deus”-  Deus é o “elevado”.  Francisco olha para as coisas do alto porque ele é criatura entre as criaturas. Para nos elevarmos temos os cinco sentidos.  Neles está a “espiritualidade dos sentidos” como identidade franciscana. É preciso elevar-se, qualificar a vida e o olhar. Como Francisco se apresenta a Deus, tal é a sua minoridade, humildade e pobreza. O Papa Francisco também escolheu algumas palavras para fazer seu caminho no projeto papal: pobre, paz e planeta.

Será que nós também não teríamos que escolher algumas palavras para direcionar e focar nossa consagração e missão?

A mística de Francisco é a união amorosa com o mistério. Para ele o amor de Deus é a mais bela oferenda. É a mais bela e constante doação. Deus nunca cobrou nada! Cobra a água? O ar que respiramos? Deus é a fonte da pobreza porque não retém nada para si, tudo Ele dá, mas nós, não nos contentamos com o mínimo necessário e pretendemos o máximo permitido.

A beleza de Deus está em sua bondade, e sua bondade é sua OBRA. O sol ajuda as plantas, as plantas ajudam os animais, os animais ajudam o ecossistema; nas coisas mínimas, Deus é o máximo.  Deus é sempre o “demais”, sempre transborda. Nele está a abundância do belo e do bom.  Francisco reconhecia isso porque se divinizava. Sua oração não estava no “cronos”, mas no kairós. Havia aprendido a “rezar pouco”, poucas palavras: “Meu Deus É meu tudo”. Isto revelava a interioridade do seu ser. O divino não tem momento, se pode rezar bem em qualquer hora. O cronos nos devora, mas o kairós nos salva.

“Iluminai as trevas do meu coração” - Para a mística franciscana, a palavra-chave é o coração, não é o intelecto. O que passa pelo coração toma conta da existência, transforma tudo. Nós somos o que colocamos em nosso coração. “Onde está o teu tesouro, aí está também o teu coração” (Mt 6,21). Nossa natureza é divina, mas é também humana e biológica. Contudo, para a espiritualidade franciscana não há oposição ao corpo. Por isso Francisco e Clara priorizam a relação fraterna porque precisa cuidar, curar, sanar, afetar bem. Sanar é o sadio da existência, é fazer o que o coração pede. É ser inefável, isto é, sem limite, onde a inteligência não alcança porque é superada pelo amor.

“Dai-me uma fé reta”- No texto original, “reta” quer dizer “de pé”. Ninguém nasceu para rastejar. Essa fé não deve ser confundida com crença; a crença se refere aos dogmas, à doutrina, aos documentos, ao ritual...; a crença é comunitária, a fé é pessoal, é caminho que eu tenho que fazer, é experiência, é caminho que leva a Deus.  Então a “fé reta” é aquela que começa levantar a gente. Toda prática de Jesus foi colocar “em pé” e fazer andar: “Menina, levanta-te! E começou a andar” (Mc 5,41; 2,11; Mt 9,25; Lc 7,14).

“Uma esperança certa” - Se não há esperança não há passo, não há elevação. A fé, em geral, vive de perguntas, não de certezas, mas caminha na esperança. Portanto, viver sem esperança é o inferno. No latim medieval “infernos” é o fechamento para dentro, ou seja, fechar-se para a vida. A “esperança certa”, se abre para Deus.

“E caridade perfeita” - A palavra “perfeita quer dizer: por fazer-se. Então a “caridade perfeita” é trabalhar trabalhando-nos. Deus não se repete. Ele está sempre fazendo. Francisco é modelo referencial desse Deus.  É um arquétipo. Seu caminho acontece fazendo sempre de novo. De forma nova. 

“Sensibilidade e conhecimento, ó Senhor” - A espiritualidade franciscana trabalha a nossa totalidade: com todo o corpo, as emoções, os sentidos, o afeto; tudo isso é a nossa corporeidade.

O Texto Base da CF- 2025, nº 132, traz uma bela experiência nesta perspectiva, que nos ajuda a entender: “Mara, uma professora de educação básica da etnia kubeo, do Alto Rio Negro, no Amazonas, diz: ‘nosso povo não ensina crianças a falar. A gente ensina a criança a escutar. Se ela aprende a escutar, ela aprende a brincar, refletir e entender os seres que habitam os céus, as águas, a floresta e o centro da terra. Ela escuta o vento, o silencio, o canto dos pássaros, dos sapos, das cigarras, dos grilos e aprende a diferenciar cada coisa que escuta. Primeiro ela escuta o vento, depois ela sente o vento e por último ela fala o que é o vento. Por isso, quando as nossas crianças falam, elas já sabem o que significa a palavra que estão pronunciando’”.   Então, a escuta é um aprendizado contemplativo, e saber ouvir é condição para saber falar e agir. Pela escuta vem o conhecimento. A sensibilidade é o sentir: cheirar, ouvir, tocar..., abrir todos os sentidos para uma grande percepção. Essa é a Espiritualidade Franciscana. Aprender numa grande escuta.

“A fim de que eu cumpra Vosso Santo e veraz mandamento” - Francisco passa das tabuas da Lei para o Evangelho. Para ele, o Evangelho não é um texto, é alguém. Daí compreende que o núcleo da lei é o Amor; e o Pneuma (= Espírito), é o suporte. É isto que tem que nos preencher. Qual é o suporte da minha vida? O que me segura?  Deus nos “beija” com seu amor, mas é um amor que empapa todo o universo.

A criação, com tudo o que ela oferece, é o primeiro “beijo” de Deus. A encarnação, é o segundo “beijo”; é Deus em nós. O terceiro “beijo” é a Ruah (= sopro), quer dizer, um movimento do inspirar, do expirar e do transpirar. É daqui que surge a palavra “espiritualidade”. No momento do nervoso a gente se acalma com o sopro, não é mesmo?  Então, qual é o “santo e veraz mandamento” que Francisco quer cumprir? O movimento do Espírito! O Espírito está em tudo. Tudo ele toca, como a criança que conquista a vida tocando! “Tomé, toque aqui...”.  Nós precisamos tocar Deus!

Jesus humano leva o humano para dentro do espírito fazendo-o guardião da obra de Deus. Francisco instaura comunhão com toda essa OBRA e tem a intuição de “reconstruir a casa”. Hoje, são três as casas em ruinas que nos cabe reconstruir: 

1) A moradia do ser (étos). A casa interior que sou eu. 2) A casa das virtudes, dos valores (ética). 3) A Casa Comum (oikós), a Ecologia Planetária.

Na Congregação, nossas Linhas Inspiradoras estão em consonância  destes caminhos que nos marca Francisco. Na vida e missão podemos percorre-los, uma vez que aprendamos a rezar como ele.

Fonte: Escritos de São Francisco, p.125; coedição CFFB e Editora Vozes. 4ª.ed. 2013.

Hino oficial da CF – 2025. Edições CNBB

Texto Base CF – 2025 – CNBB. Fraternidade e Ecologia Integral. Edições CNBB 2024.

La Bíblia Latinoamérica. Ediciones Paulinas/Verbo Divino. 79ª.ed. España; 1972.

Informações adicionais

  • Fonte da Notícia: Irmã Valdira Giordani

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